|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Atrações dividem espaço com favelas
DA AGÊNCIA FOLHA, EM OURO PRETO
As igrejas e o casario do século
18 em Ouro Preto, antes em harmonia com o verde das encostas,
agora têm como pano de fundo
favelas e grandes construções.
"A idéia de preservação não é a
de que a cidade tenha que parar
de crescer ou que as novas construções sigam o estilo do século
18. Elas não podem é competir
com os monumentos históricos",
diz o vice-diretor do Ifac (Instituto de Filosofia, Artes e Cultura) da
Ufop (Universidade Federal de
Ouro Preto), José Tomaz da Silva.
Ele disse a frase olhando para o
shopping San Francesco de Paola,
construído em área tombada, entre as igrejas São José e São Francisco de Paula. O empreendimento, ainda sem funcionar, foi aprovado por prefeitura e Iphan. A
obra motivou a fundação da associação Amo Ouro Preto, pela preservação do patrimônio histórico.
Para o padre José Feliciano Simões, Ouro Preto é a mais "relaxada" das cidades-patrimônio.
"Não é só ocupação de encostas e
tráfego pesado no centro histórico. Não há coisas simples, como
placas indicativas nas igrejas e
monumentos, horários de carga e
descarga de caminhões."
Um caso emblemático é a primeira obra de Aleijadinho, um
busto de mulher que decora um
chafariz abandonado. Não há referência ao artista no local.
A obra fica diante do morro da
Queimada, primeira encosta ocupada, nos anos 70. O local sediou
os primeiros núcleos mineradores que originaram a então Vila
Rica. "Estamos perdendo um belo
sítio arqueológico. As pessoas que
invadiram o local usaram a base
das casas do século 18 para construir as suas", diz Benedito de Oliveira, diretor do Iphan local.
"Todo mundo fica lamentando
a ocupação do morro da Queimada, mas o processo continua com
a ocupação de outras áreas", diz o
vereador Wanderley Kuruzu
(PT), do Conselho Municipal de
Trânsito, que trata de outro tema
polêmico: o tráfego intenso de caminhões e ônibus no centro.
O debate cresceu após um caminhão, na semana passada, destruir o chafariz da igreja de Nossa
Senhora do Pilar. Outra necessidade é criar estacionamentos fora
do centro histórico. "A praça Tiradentes virou estacionamento
barroco", diz Kuruzu.
(FK)
Texto Anterior: Patrimônio: Ouro Preto simboliza descaso com memória Próximo Texto: Outro lado: Problema não é só de Ouro Preto, afirma prefeita Índice
|