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EDUCAÇÃO
Menina conta que, por conta do brincadeiras preconceituosas dos colegas, pensou até em abandonar os estudos
Ana Lúcia, 10, mudou de escola duas vezes
DA SUCURSAL DO RIO
Por causa de brincadeiras preconceituosas dos colegas de classe, a estudante negra Ana Luiza
Monteiro, 10, teve que mudar
duas vezes de escola até achar um
colégio particular que tomasse
uma atitude para acabar com os
comentários racistas.
Ana Luiza é filha de uma família
de classe média de Mesquita (cidade na Baixada Fluminense) e
sempre estudou em colégios particulares. Por onde passou, ela teve que conviver com o fato de ser
a única negra da classe ou até
mesmo da escola.
Como os professores e a escola
nada faziam para mudar essa situação, ela diz que chegou a perder o interesse pelos estudos. "Falavam que eu tinha cabelo duro,
de Bombril. Eu reclamava com os
professores, mas eles não faziam
nada. Uma professora me disse
que eu não tinha que ligar para as
brincadeiras porque eu era uma
menina linda e que isso [o preconceito] ia acontecer durante toda a minha vida. Mas eu queria é
que ela mandasse eles pararem",
conta Ana Luiza.
Ao ouvir o relato da estudante,
sua mãe, a técnica de laboratório
Fátima Monteiro, 35, tentou conversar com a direção dos colégios
para que alguma atitude fosse tomada. Ela conta, no entanto, que
apenas na escola atual de Ana Luiza a direção demonstrou sensibilidade para trabalhar com o tema.
"Nas outras escolas, eu cheguei
a afirmar que, se eles não tomassem uma atitude, eu iria tomar.
Mas, desta vez, a professora fez
um trabalho de conscientização e
as coisas melhoraram muito."
Apesar da situação enfrentada
pela filha, Monteiro se sentiu orgulhosa com a postura de Ana
Luiza. "No meu tempo de estudante, voltava para a casa chorando, sem dizer nada. Mas ela
aprendeu a se defender e conversa
comigo e com os professores
quando se sente discriminada."
Ana Luiza dá a sua receita para
agir em caso de preconceito:
"Quando fazem isso comigo eu
vou lá e falo que racismo é crime e
que eu vou processar e reclamar
com a diretora".
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