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HABITAÇÃO
Após ficarem desempregados, dois mineiros e um pernambucano passaram a viver em grutas na zona sul da cidade
Rio abriga homens da caverna do século 21
MARCELO BORTOLOTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Eles moram na zona sul do Rio de Janeiro e, do alto de
suas moradias, têm acesso a vistas privilegiadas, como as
praias do Leblon, de Ipanema e do Arpoador, o Pão de
Açúcar, a Pedra Bonita ou a Pedra da Gávea. Não desembolsam um centavo por isso, mas, em compensação, pagam o preço de viver sem infra-estrutura. Em pleno século 21, são três moradores de cavernas.
O mineiro Mário Lúcio Mendes, 43, conhecido como
Rambo, mora na Rocinha, favela de São Conrado, que,
de acordo com o Censo de 2000 do IBGE, tem 56.338 habitantes. Sua caverna possui cama de casal, geladeira, fogão e um exaustor para que o ar circule ali dentro.
Próximo dele, no vizinho morro do Vidigal, o também mineiro Francisco Couto, 70, é um dos 13.719 moradores da favela. Chico da Pedra, como é conhecido,
mudou há 18 anos para uma pequena gruta. O lugar tem
luz elétrica e até endereço para correspondência, mas a
água tem que ser armazenada em latas no quintal.
O terceiro homem das cavernas vive mais isolado. Severino Gomes, 53, nascido em Pernambuco, mora há 25
anos no meio da mata, sem energia elétrica nem água
encanada, no pé do Pão de Açúcar, no bairro da Urca.
Estes três personagens do Rio têm algo em comum:
foram morar em cavernas ao ficarem desempregados.
Grutas e cavernas são tidas -ao lado de ruas e viadutos- como "moradias improvisadas", onde de acordo
com o Censo, estão cerca de 0,5% dos domicílios no país.
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