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OUTRO LADO
'Existem outros interesses'
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário de Assistência à
Saúde do Ministério da Saúde,
Renilson Rehem de Souza, disse
que é preciso "conviver" com as
pressões para a incorporação de
tratamentos na rede pública.
"Acho que existe um grande desafio por termos um sistema [de
saúde" universal e integral, tudo
para todos. A gente tem de conviver com isso, sabendo que existem outros interesses", disse.
O ministério já usou várias vezes o argumento do "lobby da indústria farmacêutica" para criticar a pressão pela incorporação
de novas tecnologias feita por pacientes e médicos.
"Se existe pressão pelos médicos e pacientes, é porque eles reconhecem os avanços. Dizer que é
a indústria que faz lobby é ser injusto com todos eles", diz Ciro
Mortella, presidente-executivo da
Febrafarma, federação que reúne
diversas entidades do setor farmacêutico.
De acordo com Mortella, as indústrias não divulgam os gastos
com marketing direto sobre pacientes e médicos "por questões
estratégicas".
Segundo dados da Febrafarma,
em 2000 foram colocados 450 novos produtos no mercado nacional. Em 2001, 334 e, até junho deste ano, 177. Estão contabilizados
nesses totais os novos medicamentos genéricos.
Em julho passado, o ministério
realizou a maior incorporação de
remédios de alto custo. São 80
drogas para doenças raras e outras comuns, mas que têm novas
opções de tratamento. "Acho que
estão zeradas as necessidades",
diz Souza.
Aumento
As drogas de alto custo são chamadas de medicamentos excepcionais pelo órgão. Os recursos
destinados a elas estão fora dos tetos estabelecidos pelo ministério
para uma série de programas.
A previsão é que neste ano, contabilizada a última incorporação,
o Ministério da Saúde gaste R$
485,1 milhões com elas. Entre
1995 e 2002, a evolução dos gastos
foi de 554,1%.
Segundo o secretário, a evolução dos gastos se deve a incorporações anuais, principalmente, e
não ao encarecimento dos produtos. No valor não estão contabilizadas as decisões judiciais. Para
ele, a questão das liminares é "administrável".
"A questão das decisões judiciais tem de ser discutida. Os pacientes têm seus direitos. Mas são
necessárias decisões maduras para que não exista quebra da hierarquia de prioridades. Os dois lados precisam conversar", opina
Marcos Bosi Ferraz, diretor do
Centro Paulista de Economia de
Saúde, ligado à Unifesp.
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