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Inquérito militar vai dizer que tenente agiu por conta própria
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O IPM (Inquérito Policial
Militar) do Exército aberto para investigar a participação de
militares na morte de três jovens no Rio concluirá que o tenente Vinícius Ghidetti de Moraes Andrade, 25, agiu por conta própria ao entregá-los aos
traficantes que os mataram.
Para militares encarregados
de apurar o caso, o tenente não
obedeceu a ordens superiores
ao levar os jovens ao morro da
Mineira, onde eles morreram.
Ontem, o Ministério Público
Militar pediu à Justiça Militar a
prisão preventiva por 30 dias
do tenente, do sargento Leandro Maia Bueno e dos soldados
José Ricardo de Araújo e Fabiano Elói dos Santos.
O capitão que preside o IPM
tinha duas preocupações: descobrir se o tenente cumprira
ordem superior; e apurar eventual ganho financeiro.
Quando o IPM foi aberto, a
polícia já tinha ouvido o tenente, o sargento Bueno e o soldado Araújo. Os três negaram ter
agido sob ordem superior e ter
trocado os jovens por dinheiro.
A hipótese de "venda" dos jovens para o tráfico já foi descartada pelo Exército e pelo presidente do IPM, conforme a Folha apurou com um general.
As apurações do IPM e da 4ª
Delegacia de Polícia coincidem
até agora. Não houve a "venda"
nem a ordem de cima. O tenente será acusado, pela polícia,
por homicídio triplamente
qualificado -crimes cometidos
com crueldade, por motivo fútil
e sem chance de defesa. Os demais militares serão indiciados
por seqüestro. O IPM concluirá
pela culpa do oficial.
Ontem, o presidente do IPM,
cujo nome não é divulgado,
passou o dia interrogando os 11
militares. A Folha apurou que
as declarações têm o mesmo
teor dos depoimentos à polícia:
soldados e sargentos dizem que
agiram a mando do tenente, a
quem obedeceram por hierarquia e medo de serem punidos,
segundo seus advogados.
O advogado Walmar de Jesus, que defende o sargento
Bueno, disse que pedirá à polícia que interrogue de novo seu
cliente, que no primeiro depoimento admitiu ter conversado
com os traficantes. O sargento
disse que os jovens imploraram
para não serem deixados na favela. Agora, disse o advogado, o
sargento irá dizer que desceu
do caminhão para garantir a segurança dos militares.
João Carlos Figueiredo Rocha, advogado do tenente, disse
que seu cliente não sabia que os
jovens seriam mortos, pois
imaginava que os rapazes receberiam apenas uma surra.
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