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Exército liga assessor de senador a tráfico
Documento do Exército diz que homem que trabalha com Marcelo Crivella negociou política de não-agressão com traficantes
Acordo teria ocorrido durante a ocupação de morro para execução do projeto Cimento Social; assessoria do senador nega
DA SUCURSAL DO RIO
Documento do serviço reservado do Exército afirma que
um assessor do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) negociou
com traficantes do morro da
Providência uma espécie de política de não-agressão durante a
ocupação da favela para o projeto Cimento Social, defendido
pelo parlamentar.
Segundo o relatório, os locais
de obra foram escolhidos pela
associação de moradores local,
em comum acordo com os assessores de Crivella -"Eduardo de tal" e "Gilmar de tal". Essa informação reforça o componente político da obra, que
teve parecer contrário do Comando Militar do Leste para o
Ministério da Defesa.
A assessoria do senador Marcelo Crivella, pré-candidato à
Prefeitura do Rio, nega a negociação e que haja assessores
com esses nomes lotados em
seu gabinetes. Crivella não quis
dar entrevistas.
Por meio da assessoria de imprensa, a Presidência da República confirmou que o senador
Crivella discutiu o projeto com
o presidente Lula, que gostou
da idéia, mas não respondeu sobre os trâmites da decisão de
fazer a obra por meio do Ministério das Cidades e do Exército.
De acordo com o documento,
revelado pelo jornal "Extra" em
6 de abril, o assessor descrito
como "Eduardo de tal [por desconhecimento do sobrenome]"
afirmou ter conversado com "a
cúpula dos traficantes na comunidade" e garantido a segurança dos operários durante as
obras, em encontro em outubro na Providência com três
militares.
"Estes [traficantes] garantiram que não haveria qualquer
tipo de retaliação, desde que
não fossem incomodados. Segundo o assessor, os traficantes
querem as obras, pois também
são moradores da comunidade
e se comprometeram, inclusive, a desmobilizar as "bocas-de-fumo" que estiverem próximas
ao locais de execução [de
obras]", descreve o documento.
A reunião, no dia 5 de novembro, foi monitorada todo o tempo, segundo o Exército, por
"seis elementos pertencentes à
facção criminosa Comando
Vermelho, que domina o tráfico de drogas na comunidade".
De acordo com o documento,
o representante da associação
de moradores, conhecido como
Nelson, "dirigiu-se aos elementos que mobiliavam [sic] a "Boca do Barão" para que fosse autorizado o deslocamento dos
visitantes na rua Bento Teixeira, uma vez que o canteiro de
obras passa no local da boca-de-fumo. A solicitação foi aceita pelos traficantes e estes não
causaram problemas à comitiva, embora tenham permanecido todo o tempo no local".
As 80 casas da primeira etapa
do "Cimento Social" ficam na
localidade conhecida como
"Laje", justamente onde fica a
boca-de-fumo "Boca do Barão".
Durante toda a visita, ainda
segundo o documento, a comitiva foi observada por um olheiro em uma guarita, usada como
ponto de observação para as
ruas de acesso ao morro.
O representante dos moradores pediu a um dos oficiais
que o apresentasse ao responsável pela segurança da obra,
com o objetivo de "inteirar-se
do esquema de segurança e
acertar detalhes de relacionamento com os traficantes locais" na execução das obras.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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