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NO FIO DO BIGODE
Mas, depois da Gillette, ninguém faz barba lá, diz "oficial de barbeiro"
Barbearia permanece a mesma há 83 anos, com clientela fiel
DA REVISTA
O Salão São Paulo sobrevive
na rua Benjamim Constant desde o tempo em que a expressão
"fazer barba, cabelo e bigode"
tinha um significado literal. E
tudo continua igual.
Logo de cara, três cadeiras de
barbear Koken, dos EUA, e a parede de cristal, impecavelmente
lustrada, mostram que o lugar é
bem cuidado. O oficial de barbeiro, como gosta de ser chamado Nercio Rossi, 82, mostra os
instrumentos usados desde o final da década de 10.
À direita do "freguês", a Antiseptique de Paris, máquina que
usava lamparina de formol para
esterilizar instrumentos. "Usei
até os anos 70, mas começou a
queimar o cabo das tesouras",
diz Nercio, enquanto tira tíquetes de uma registradora de madeira, responsável pelo movimento diário há quase 60 anos.
"Mantenho o corte de oito a
dez cabelos por dia. Barba, cheguei a fazer 15, mas, depois que
lançaram a Gillette, ninguém
mais vem ao salão para isso.
Mas não posso reclamar, tenho
uma clientela fiel", diz.
Salão São Paulo. R. Benjamim Constant, 39. Não tem telefone
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