|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Regras podem fechar centros
DA REPORTAGEM LOCAL
Tentando colocar ordem nas
2.000 comunidades terapêuticas
do país, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou em 2001 regras para o funcionamento delas, com prazo de
adaptação de dois anos.
"Muitas não vão cumprir. Há
muitas regras maravilhosas, mas
nenhum dinheiro", diz o presidente da Federação Brasileira de
Comunidades Terapêuticas, padre Haroldo Rahm.
A resolução definiu quem pode
ser atendido nesses centros -os
pacientes graves são vetados-,
quais profissionais de saúde devem estar presentes e determinou
como deve ser a infra-estrutura.
"Há exigências de um hospital",
diz Rahm. O prazo para a adaptação vence no próximo mês.
"Se fecharem todas, onde colocarão os milhares de jovens que
estão sendo tratados?", diz o padre. Segundo a estimativa dele,
hoje cerca de 40 mil pessoas que
usam ou abusam de drogas são
atendidas pelas comunidades.
Esses grupos terapêuticos, em
sua maioria, utilizam a convivência em grupo e a religião como base da assistência. Grande parte delas vive de doações. "O governo
deveria nos ajudar", diz Rahm.
As comunidades, os grupos independentes de auto-ajuda e as
ONGs tomaram a linha de frente
do tratamento por causa do vácuo
de ações governamentais. Tanto é
que hoje são a referência principal
do movimento de justiça terapêutica -de promotores e juízes que
defendem a oferta de tratamento
aos que cometem pequenos delitos e estão envolvidos com drogas. O usuário que aceita evita o
processo judicial.
"A rede pública deveria ser a
nossa referência. Por isso estamos
lutando para que o SUS (Sistema
Único de Saúde) se aparelhe",
afirma Ricardo de Oliveira Silva,
presidente da Associação Nacional de Justiça Terapêutica. "Enquanto isso não acontece, fazemos parcerias com as comunidades e o AA (Alcoólicos Anônimos). Eles têm um trabalho maravilhoso. Mas em 1976, na Lei de
Tóxicos, já se falava da necessidade de tratamento do usuário".
Texto Anterior: Drogas: País negligencia assistência a dependentes Próximo Texto: Usuários discutem tratamentos Índice
|