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VIOLÊNCIA
Com pistolas, grupo manteve três funcionários reféns e conseguiu fugir
Traficantes invadem refinaria no Rio
DA SUCURSAL DO RIO
Armados com pistolas e com o
rosto encoberto por camisas, cerca de 35 traficantes invadiram a
Refinaria de Manguinhos, na zona norte do Rio, anteontem à noite e fizeram três vigilantes reféns.
Por duas horas, o grupo ocupou o
prédio da administração da refinaria e fugiu com a chegada da
polícia. Ninguém foi preso.
O secretário de Segurança do
Rio, Josias Quintal, tentou minimizar a invasão e dissociá-la das
ações frequentes de narcotraficantes no Rio. Em entrevista por
telefone para o RJ TV, da TV Globo, ele disse que "é certo que não
foi nenhuma ação orquestrada" e
que "não tem relação com nenhum outro fato". Segundo ele, os
invasores formavam "um grupo
de jovens que pulou o muro e
nem todos estavam armados".
De acordo com o vigilante Alcides Oliveira Tavares, que estava
na guarita dos fundos da refinaria, os criminosos vindos da favela
Parque do Arará (vizinha à refinaria) pularam o muro da empresa
às 20h30 de anteontem.
Segundo Tavares, um deles disse "Perdeu, perdeu. É nós. É nós.
Fica quieto senão vai morrer". O
vigilante e outros dois colegas,
Mauro de Oliveira Magessi e José
Luis de Lima, foram presos na sala de operações da refinaria.
Tavares disse que os três deixaram a sala quando notaram a presença da polícia. Ele não sabia informar quem acionou os policiais. Disse ainda que os traficantes levaram aparelhos de ar-condicionado e radiotransmissores.
Para Quintal, o ataque dos traficantes seria uma retaliação a uma
operação policial que, na última
semana, encontrou dois fuzis do
bando, escondidos no terreno da
refinaria. Ele disse, no entanto,
não haver qualquer depoimento
que comprove a suposição.
Segundo a polícia, a favela Parque do Arará, comandada pelo
CV (Comando Vermelho), não
tem líder. "Ali é um monte de garoto doidão que entra o tempo todo na refinaria. Eles usam o terreno para se esconder durante ações
policiais na favela, para guardar
armas", disse a chefe do Cinpol
(Coordenação de Inteligência da
Polícia), Marina Magessi.
O comandante do Bope (Batalhão de Operações Especiais), tenente-coronel Fernando Príncipe, também minimizou a invasão
da refinaria. "Não houve reféns.
Apenas alguns vigilantes foram
rendidos durante um roubo."
Ele negou que a PM (Polícia Militar) tenha falhado ao deixar os
bandidos fugirem. "A refinaria
tem uma extensão muito grande e
não teríamos efetivo para cercar
toda a área." Segundo ele, os assaltantes entraram e fugiram pela
favela Parque Arará por um matagal perto de uma linha do trem.
Ninguém da diretoria da refinaria, uma das duas únicas unidades
privadas do país, foi encontrado.
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