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Especialistas fazem ressalvas a decreto polêmico
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Especialistas em educação
concordam com os objetivos do
polêmico decreto que deu origem à greve -fazer com que os
alunos não tenham vários professores num mesmo ano letivo
e garantir que os docentes admitidos tenham competência
para o trabalho-, mas discordam da forma como esses objetivos serão alcançados.
O decreto diz que, para mudar de escola, o professor precisa estar na rede há pelo menos
três anos. E que, para substituir
um colega em outro local, o período mínimo de substituição
deve ser de 200 dias. Reduz-se
a rotatividade dos docentes.
"É ruim para a criança ter um
professor diferente a cada três
meses. Quando está fixando o
aprendizado, vem outro professor. Muda a pedagogia, muda a relação professor-aluno",
diz Maria Márcia Malavasi,
professora da Unicamp.
A professora Hyrla Tucci
Leal, da PUC de São Paulo, concorda. Mas diz que não adianta
restringir o direito da transferência. "Medidas autoritárias
não resolvem. Sem plano de
carreira, melhor condição de
trabalho e salário digno, o professor vai continuar desmotivado, não vai se comprometer."
O decreto determina ainda
que os professores temporários
façam uma prova que, de acordo com as notas, determinará
quem terá prioridade para assumir turmas no início do ano.
"É preciso avaliar. Não conheço
nenhum país do mundo que faça uma avaliação inicial do professor", afirma João Cardoso
Palma Filho, da Unesp. Malavasi, da Unicamp, diz que não
precisa ser por prova. "Há o
currículo, o tempo de trabalho,
a opinião dos alunos e dos diretores. Não se pode reduzir o
destino do professor a uma única prova, como o vestibular."
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