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SAÚDE
Novo estudo divulgado nos Estados Unidos, desta vez com reposição de um único hormônio, também aponta riscos para usuárias
Pesquisa liga estrogênio a câncer de ovário
DA REDAÇÃO
Uma semana após a notícia de
que câncer de mama e ataques
cardíacos estão ligados à terapia
de reposição hormonal, pesquisadores americanos anunciaram na
última terça-feira que mulheres
na fase pós-menopausa que fazem tratamento baseado apenas
no estrogênio correm maior risco
de desenvolver câncer de ovário.
O relatório segue outros dois estudos divulgados recentemente
que concluíram que a reposição
hormonal com estrogênio e progesterona -menos comum do
que a terapia apenas com estrogênio- não oferece proteção contra doenças do coração e pode aumentar o risco de câncer mamário, entre outras doenças (veja no
quadro abaixo o mais recente).
Os dois tipos de tratamento são
usados por 13,5 milhões de mulheres apenas nos Estados Unidos, sendo que 8 milhões usam
somente estrogênio.
No Brasil, segundo pesquisa da
Sobrac (Sociedade Brasileira do
Climatério), cerca de 4 milhões de
mulheres fizeram ou fazem atualmente reposição hormonal, seja
só com estrogênio, seja em associação com a progesterona.
"A principal descoberta do estudo foi que mulheres na fase pós-menopausa que usaram estrogênio por dez anos ou mais tinham
risco significativamente mais alto
de desenvolver câncer ovariano
do que aquelas que nunca fizeram
terapia de reposição hormonal",
disse James Lacey, do National
Cancer Institute, autor do estudo
que foi publicado no "Journal of
the American Medical Association" (Jama).
O estudo de Lacey envolveu
44.241 mulheres e concluiu que
aquelas que tomaram apenas estrogênio durante um período de
dez a 19 anos tinham um risco relativo 80% maior de desenvolver
câncer de ovário.
Apesar do risco maior, a ocorrência em números absolutos
continuou pequena: apenas 329
mulheres desenvolveram a doença durante o período da pesquisa,
entre 1979 e 1998.
Os resultados sobre o risco de
câncer de ovário em usuários de
suplementos combinados (progesterona e estrogênio) não apontaram aumento significativo.
No editorial do Jama, o médico
Kenneth Noller, da Tufts University, disse que, embora os estudos
não provem a relação de causa e
efeito, os resultados devem ser
preocupantes o suficiente para
que médicos avaliem cuidadosamente se sugerem a terapia baseada apenas no estrogênio.
Para o presidente da Sobrac, César Eduardo Fernandes, os dados
não são motivo para pânico. "É
um fato negativo para a reposição
hormonal, não pode ser negado.
Mas o impacto em números absolutos é muito pequeno."
De acordo com o professor de
ginecologia do HC da USP José
Aristodemo Pinotti, a classe médica ainda deve aguardar novas
pesquisas para ver "se o resultado
se confirma ou não".
Segundo o presidente da Sobrac, o fato de o estudo americano
ter sido iniciado na década de 70 e
abrangido doses plenas de hormônios (e não doses reduzidas,
como se costuma aplicar atualmente) são pontos a favor do tratamento. "Hoje há uma adequação das doses. À medida que a
mulher se afasta da menopausa,
precisa de cada vez menos hormônios", afirma ele.
Fernandes recomenda que as
mulheres que fazem reposição
com estrógeno isolado não abandonem o tratamento sem consulta prévia aos seus médicos.
Com as agências internacionais. Colaborou RENATO ESSENFELDER, da Reportagem Local
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