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Setor é responsável por boa parte dos medicamentos estratégicos e básicos, informa presidente de associação
"Vocação de laboratórios oficiais é o SUS"
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Alfob (Associação dos Laboratórios Oficiais do
Brasil), Carlos Alberto Pereira
Gomes, diz que a "vocação" do setor é produzir para o SUS (Sistema Único de Saúde). Eles são responsáveis por grande parte dos
medicamentos estratégicos, incluídos alguns do coquetel contra
o HIV, e cerca de metade dos medicamentos básicos (distribuídos
em ambulatórios), afirma.
Gomes calcula que o setor perfaça hoje uma produção de 12 bilhões de unidades por ano -um
comprimido, uma bisnaga, um
vidro de xarope correspondem a
uma unidade. O padrão difere do
da indústria farmacêutica, que
não distribui, por exemplo, comprimidos soltos. Adaptando o número ao padrão da indústria, o
presidente da Alfob calcula que a
produção equivalha a 300 milhões
de unidades.
"A Rename [Relação Nacional
de Medicamentos Essenciais do
sistema público] é a nossa missão", afirma. "Sobre as farmácias
populares, a questão é qual de nós
terá disponibilidade." Segundo o
presidente, até o momento a associação não participou das discussões do programa do governo.
Gomes responde pelo laboratório oficial de Minas, a Fundação
Ezequiel Dias, um dos maiores do
país, atrás da Furp (Fundação para o Remédio Popular), de São
Paulo, e próximo de Far-Manguinhos, ligado a Fiocruz (Fundação
Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro.
O setor de laboratórios oficiais
recebeu um investimento de apenas R$ 40 milhões neste ano para
modernização, afirma. Há promessa do governo de mais do que
dobrar os valores para o próximo
ano. "Mas acredito que até o final
do governo serão necessários
mais de R$ 300 milhões para nivelar os laboratórios."
Segundo o presidente, algumas
instituições estão impedidas, por
questões jurídicas, de fornecer
para venda aberta ao público nas
farmácias populares. "Eu aqui
não posso vender."
A Furp, de São Paulo, após uma
modificação recente da legislação,
pode, por exemplo. O mesmo vale
para o Lafepe, de Pernambuco,
empresa de economia mista, diz.
Reguladores do mercado
Para Tuyoshi Ninomya, médico
sanitarista e assessor técnico da
Furp, a produção por laboratórios
oficiais é malvista pela indústria
por servir como padrão, mostrando os reais custos do desenvolvimento dos remédios, e dar instrumento para o governo negociar
preços, a exemplo do que ocorreu
com medicamentos anti-Aids.
"Nós somos os reguladores do
mercado", afirma.
A Furp é o maior e mais moderno dos laboratórios públicos, com
uma unidade de 40.000 m2 e mil
funcionários que produzem 2 bilhões de unidades/ano.
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