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SP 450
O Instituto Moreira Salles e o Sesi organizam exposição,
a ser aberta em janeiro, em que serão reunidos mais de
450 trabalhos; 52 autores documentaram as mutações
ocorridas na paisagem urbana paulistana desde 1826
Imagens fazem o resgate do que a cidade destruiu
EDNEY CIELICI DIAS
DA REDAÇÃO
Olhar a São Paulo do passado é
em grande medida um exercício
de procurar o que já não existe
mais. Quanto mais antigo é o que
se quer visualizar, mais improvável encontrar algum vestígio seu.
Da vila colonial isolada, quase
nada resta na paisagem urbana
-tampouco existe documentação iconográfica satisfatória.
Mesmo a cidade moderna,
construída a partir da segunda
metade do século 19, teve grande
parte de sua arquitetura destruída
-mas a fotografia preservou ao
menos a sua imagem.
Antonio Fernando De Franceschi, superintendente-executivo
do Instituto Moreira Salles, usa
uma comparação para dar a magnitude da autofagia urbana paulistana. "Somente cidades que sofreram terremotos e bombardeios
preservaram tão pouco de seu patrimônio arquitetônico."
Nesse contexto, iniciativas de
trazer a público a herança iconográfica são uma espécie de "reapropriação da cidade".
O Instituto Moreira Salles
-proprietário de um acervo de
mais de 150 mil fotos, entre as
quais registros raros de São Paulo- organiza com o Sesi (Serviço
Social da Indústria) uma mostra
de mais 450 imagens da cidade, a
ser aberta ao público no dia 23 de
janeiro na Galeria de Arte do Sesi,
na avenida Paulista, 1.313.
A mostra trará também imagens do período pré-fotografia.
Trata-se de gravuras do "Highcliffe Album", de 1826, organizado
por Charles Landseer, que registrou o país pós-Independência.
Sabe-se que, em 1848, a daguerreotipia já era famosa entre os estudantes da Faculdade de Direito.
Os acadêmicos recorriam a um
lambe-lambe para tirar retratos.
Mas o grande retratista da paisagem paulistana surgiria mais de
uma década depois. Militão Augusto de Azevedo é autor do "Álbum Comparativo de São Paulo,
1862-1887" -um dos destaques
da exposição. Militão foi pioneiro
na tentativa fotografar a cidade de
maneira sistemática, justamente
no período em que ela se transformava em grande centro.
O conjunto de imagens vai reunir trabalhos de 52 profissionais,
cobrindo praticamente todas as
décadas desde 1860 até hoje.
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