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Terapia pode ser mais eficaz
DA REPORTAGEM LOCAL
Há muito paciente tentando
corrigir com o bisturi o que deveria ser resolvido no divã do terapeuta. O mais grave é que há cirurgiões plásticos que se prestam
a isso, como alerta a própria Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica (SBCP).
"Operar sem indicação, ou em
hora errada, só prejudica o paciente", diz Luiz Carlos Garcia,
presidente da SBCP. "Às vezes é
mais importante dizer não."
Importante, mas difícil. No Brasil, o número de cirurgias plásticas saltou de cem mil em 1994 para 360 mil no ano passado. São
mil cirurgias por dia.
Em um mercado disputado por
3.800 profissionais credenciados
-e centenas de outros que agem
por conta própria-, muito paciente acaba indo para a sala de
operação sem precisar ou acaba
fazendo a cirurgia fora de hora.
Seleção
Mas há profissionais que levam
muito a sério a indicação. "Com o
culto ao corpo exagerado, é preciso cuidado para definir quem vai
fazer e que não vai fazer uma plástica", diz Stella Crescenti Abdalla,
39, que já presidiu a regional catarinense da SBCP.
"Quanto mais experiente você
fica, mais consultas pré-operatórias você faz. E mais vezes você
contra-indica uma cirurgia plástica. E quanto mais você seleciona
os casos, mais sucesso você consegue", diz a médica.
Na opinião dela, cirurgia plástica é para quem se gosta e para
quem merece, não para quem
quer. "Se alguém está gordo, infeliz no casamento, e quer resolver
com uma plástica, não vou operar. Primeiro terá de fazer uma
atividade física, perder peso, passar a gostar dela própria, aí sim.
Plástica deve ser vista como um
prêmio, um presente, não como
um conserto."
Stella Abdalla diz que o mais fácil é operar. "Difícil é fazer a seleção, mostrar ao paciente que o
importante é a harmonia e que todo corpo tem sua beleza. Sempre
dá para melhorar, mas é preciso
estar no peso e fazer uma atividade física."
(AB)
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