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Estudo orientará políticas públicas
DA REDAÇÃO
Em um contexto em que os recursos públicos são escassos e os
problemas sociais são imensos,
certamente é oportuno responder
à pergunta: entre tantos, onde estão os mais pobres?
O Mapa da Vulnerabilidade Social tem como objetivo fazer uma
leitura mais rica dos números do
Censo 2000, com o objetivo de
fornecer subsídios ao direcionamento de políticas de governo.
Encomendado pela Secretaria
da Assistência Social da Prefeitura
de São Paulo, ele fornece informações sobre áreas habitadas em
média por 200 famílias.
A secretária da Assistência Social, Aldaíza Sposati, diz que o estudo surgiu também devido à dificuldade de analisar realidades
locais a partir dos macrodados
dos distritos. Ao indicar os pontos
mais críticos das regiões, o mapa
terá a dupla função de balizar novas ações sociais e de avaliar as
iniciativas em curso.
"A pesquisa reinterpreta a cidade no aspecto micro, à luz das privações sociais e do formato das famílias. É fundamental na elaboração dos planos regionais", afirma.
O mapa, ao sobrepor as carências das áreas, fornece instrumental para a elaboração das políticas
públicas, ressalta o demógrafo
Haroldo da Gama Torres, 42, do
Centro de Estudos da Metrópole,
um dos autores do estudo.
Torres explica a importância de
um projeto dessa natureza comparando as magnitudes que estão
envolvidas. São Paulo, com mais
de 10 milhões de habitantes, tem
uma população que é cerca de
dois terços da do Chile.
Somente o Grajaú, na zona sul,
tem 231 setores de alta privação.
Esse distrito tem problemas socioeconômicos complexos e abriga 332 mil pessoas -o equivalente à população de uma cidade como Piracicaba (SP)-, 69,1% delas em áreas de alta vulnerabilidade. E São Paulo tem 96 distritos.
Por isso é necessário fracionar
as realidades, detalhar as condições específicas dos grupos sociais. De outra maneira, corre-se o
risco de adotar políticas generalistas e inadequadas.
Para Dirce Koga, 39, do Núcleo
de Seguridade e Assistência Social
da PUC-SP, a análise territorial é
um componente decisivo para
definir a ação pública. "É essencial considerar o contexto em que
as pessoas vivem."
Demandas potenciais
O mapa permite identificar demandas de diferentes espécies.
Exemplo: além das políticas
universais de saúde, educação, segurança e infra-estrutura urbana,
pode haver necessidade de centros de convivência e/ou equipamentos de saúde adaptados para
os grupos mais idosos.
Em uma área de concentração
de adolescentes, a demanda pode
estar voltada para cultura e lazer,
educação profissionalizante e medidas de prevenção à violência.
Em setores em que se verifica a
presença significativa de crianças
em lares chefiados por mulheres,
há forte indicação de necessidade
de investimentos específicos para
saúde infantil e creches.
A pesquisa teve um custo de R$
130 mil. Os mapas estão disponíveis no site do CEM.
(ECD)
www.centrodametropole.org.br/cemsas
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