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CRIME ORGANIZADO
Seis unidades do complexo Campinas-Hortolândia ainda abrigam pelo menos 500 membros da facção
PCC mantém ação em "novo Carandiru"
RICARDO BRANDT
EDITOR DA FOLHA CAMPINAS
O PCC (Primeiro Comando da
Capital), facção criminosa que
atua dentro e fora dos presídios,
continua atuante e organizado
dentro do complexo Campinas-Hortolândia, o maior do Estado
de São Paulo após a desativação,
no ano passado, do Carandiru.
A Folha apurou que pelo menos
10% dos cerca de 5.000 presos do
complexo estão ligados diretamente ao PCC. O maior grupo de
membros do "partidão", como
também é chamada a facção, está
localizado na Penitenciária 2, em
Hortolândia. Foi dessa unidade
que, no último dia 6, o sequestrador Nivaldo Andrade de Góis, o
Bóris, 26, foi resgatado. Ele integra a quadrilha do sequestrador
Wanderson Nilton de Paula Lima,
o Andinho, membro do PCC. Ao
todo, 11 presos fugiram na ação.
Bóris é um dos 19 homens investigados no caso do assassinato
do juiz-corregedor do presídio de
Presidente Bernardes, Antonio
José Machado Dias.
O promotor Herbert Teixeira
Mendes, da Vara de Execuções
Criminais de Campinas -responsável pelos processos envolvendo presos do complexo Campinas-Hortolândia-, afirmou
que os membros do PCC foram
enfraquecidos pelo Estado, mas
ainda atuam em todas as unidades -cinco de regime fechado e
uma de semi-aberto. "Não posso
falar em números, mas não é uma
quantia baixa."
Segundo ele, a presença de
membros do PCC dentro do complexo é constatada em conversas
com presos e escutas telefônicas
de dentro e fora dos presídios.
"Não vejo nenhuma intenção estratégica de que eles [membros do
PCC" estejam em um local especificamente, pois onde estiverem
vão operar de qualquer maneira."
O coordenador das unidades
prisionais da região central do Estado, João Batista Paschoal, disse
que a Penitenciária 3 chegou a ser
a "base" do PCC no complexo.
"Não tenho conhecimento de que
outra unidade tenha assumido esse posto", afirmou.
Os promotores do Gaerco (Grupo de Atuação Especial Regional
para a Prevenção e Repressão ao
Crime Organizado) defenderam a
adoção de penas mais rígidas para
integrantes de organizações criminosas como o PCC.
"É preciso que comecem a discutir juridicamente a viabilidade
da prisão perpétua, sim. É preciso
que comecem a adotar a extradição de presos. Por que um preso
como Fernandinho Beira-Mar
não pode ir cumprir pena nos Estados Unidos?", questionou o
promotor Ricardo Silvares.
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