|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Troca de líder não abala estrutura
DA FOLHA RIBEIRÃO
Mesmo sem a presença de seus
principais líderes, o PCC é hoje o
mais forte grupo do crime organizado da região de Ribeirão Preto.
A facção segue atuando dentro e
fora dos presídios, comandando
tráfico, sequestros e assassinatos.
O maior reduto do PCC local é a
penitenciária de Araraquara, com
cerca de 80 membros. As ordens,
porém, partem de poucos líderes,
como Ivan Monteiro de Lima, escolhido para substituir Marcos
Willians Herbas Camacho, o
Marcola, líder máximo da facção,
que foi em dezembro para Avaré.
A seleção seguiu o esquema do
"bonde", espécie de treinamento.
A rede de informações da organização descobriu a transferência
do líder com antecedência. A Folha apurou que Marcola escolheu
e treinou Lima para a função.
Lima é a ponta de uma rígida
hierarquia, seguida pelos "financiadores" da organização, que
controlam o dinheiro, e os "cachorros", que executam as ações.
Jorge Bento de Camargo, diretor da penitenciária de Araraquara, disse que só a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária poderia fazer comentários.
Há suspeita de que líderes do
PCC comandem ações criminosas recentes na cidade do presídio, como o sequestro da filha de
um bancário, há duas semanas.
Outra ação, mais ousada, foi
abortada: a explosão de um shopping para desviar a atenção da polícia e resgatar presos. A DIG (Delegacia de Investigações Gerais)
local investiga se essas ações são
facilitadas pela suposta corrupção
de funcionários da penitenciária.
O possível suborno permite a
cobrança de taxas de proteção de
presos ameaçados, a venda de
drogas nas celas e a prostituição
no presídio. As mulheres se passam por namoradas de presos, diz
o delegado Jesus Nazaré Romão.
"Há suspeita de facilitação de funcionários. São pessoas mal pagas,
que podem ser corrompidas."
Nas penitenciárias de Ribeirão
Preto e Serra Azul, a presença
mais discreta (cerca de 50 membros) não impede que a facção
atue. Em Ribeirão, apreensões de
drogas e celulares nas celas são
comuns. Em Serra Azul, a facção
dribla os bloqueadores de celular
passando recados às visitas.
Para a polícia, o PCC perdeu o
monopólio do crime na região.
Quadrilhas bem organizadas, comandadas por grandes empresas,
roubaram R$ 3 milhões em cargas
nas rodovias da região em 2002.
(ALLAN DE ABREU e MARCELO TOLEDO)
Texto Anterior: PCC mantém ação em "novo Carandiru" Próximo Texto: Nem CPIs contêm o crime no Vale Índice
|