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Nem CPIs contêm o crime no Vale
KEILA RIBEIRO
DA FOLHA VALE
O crime organizado continua
articulado e agindo no Vale do
Paraíba, segundo Ministério Público e Polícia Federal, apesar de a
região ter sido alvo de cinco CPIs
(Comissões Parlamentares de Inquérito) nos últimos três anos.
Desde 2000, a região foi investigada pelas CPIs do Narcotráfico
(Câmara dos Deputados e Assembléia Legislativa), do Roubo de
Cargas, do Sistema Prisional e dos
Combustíveis, com resultado pífio: ninguém está preso, principalmente por falta de provas.
Nomes não teriam sido descobertos pelas CPIs, mas indicados
pela polícia. A dos Combustíveis é
emblemática: 15 donos de postos
foram apontados como suspeitos
de integrar esquema de roubo e
adulteração do produto. Os 11 que
foram presos estão soltos.
Na CPI do Roubo de Cargas,
apesar de a via Dutra, que corta a
região, ser a segunda do Estado
em roubo de cargas -14,1% das
ocorrências em 2002, atrás só da
Anhanguera, com 17,4%-, ninguém foi preso ou indiciado.
As propostas das comissões para combater grupos organizados
não foram adotadas, como formação de equipes integradas de
combate ao crime, criação de delegacias especializadas e mudanças no controle de cargas.
O Vale do Paraíba, entre Rio e
São Paulo, foi indicado nas CPIs
como rota de escoamento de produto de crimes e ponto estratégico para a organização de quadrilhas. O narcotráfico na área, por
exemplo, teria, segundo as polícias Federal e Civil e o Ministério
Público, ligação com grupos do
Rio de Janeiro e de Mato Grosso.
Já quadrilhas de roubo de cargas e combustíveis teriam ligação
com grupos de São Paulo e Goiás.
As diversas quadrilhas teriam
diversificado as atividades, segundo o promotor Luiz Marcelo
Negrini de Oliveira Mattos, do
Gaerco (Grupo de Atuação Especial Regional para Prevenção e
Repressão ao Crime Organizado),
para gerar recursos.
Nos presídios, diz Mattos, mesmo com a remoção de líderes do
PCC da Casa de Custódia de Taubaté para outras regiões, a facção
estaria forte em Tremembé, na
penitenciária Edgard Magalhães
Noronha, o Pemano, onde 50%
dos 1.100 detentos seriam ligados
à facção. Na mesma cidade, dizem
agentes ouvidos pela Folha, cerca
de 130 dos 900 detentos da penitenciária Tarcizo Leonce Pinheiro
Cintra seriam ligados à facção.
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