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MORTE EM BANGU 1
Em 2000, diretora do presídio foi baleada diante de sua casa, no Rio
Assassino continua desconhecido
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Um crime semelhante ao assassinato do juiz-corregedor de
Presidente Prudente (SP), Antonio José Machado Dias, continua
sem solução no Rio: a morte, em
4 de setembro de 2000, de Sidneya dos Santos de Jesus, 46, diretora do presídio dito de segurança máxima Bangu 1.
Sidneya ficou conhecida por
cortar privilégios dos presos.
Restringiu a visita de advogados.
Foi morta com três tiros diante
de sua casa, na Ilha do Governador (zona norte do Rio).
Segundo o delegado Luiz Alberto de Oliveira, da Delegacia
de Homicídios, três traficantes
presos em Bangu 1 são suspeitos
de ser os mandantes do crime.
Ele não revela nomes. Alega que
isso atrapalharia a investigação.
O delegado também decidiu
manter em sigilo os próximos
passos de seu trabalho. "Tenho
que garantir a segurança da minha investigação", afirmou.
Segundo Oliveira, os suspeitos
foram citados em depoimentos
de testemunhas, que disseram
ter ouvido conversas deles com
advogados em que combinavam
detalhes sobre o assassinato.
A Folha apurou que um dos
suspeitos seria Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho
VP, apontado pela polícia como
um dos chefes da facção criminosa CV (Comando Vermelho).
O ex-chefe da Polícia Civil Zaqueu Teixeira, que presidiu o inquérito na época do crime, disse
que não chegou à autoria do crime porque não conseguiu ouvir
nenhuma testemunha que tivesse presenciado o fato. Com isso,
afirmou, não foi possível fazer o
retrato falado dos assassinos.
Um advogado e um suposto
matador da diretora chegaram a
ser presos por possível envolvimento com o assassinato, mas
foram soltos por falta de provas.
A polícia cogitou também que
Sidneya teria sido morta por Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê,
que teve transferência para um
presídio de segurança intermediária vetada por ela.
O pai de Sidneya, Carlos Jesus,
disse que ainda não houve decisão judicial sobre a indenização
que a família requereu ao Estado
pela morte de sua filha. Ele afirmou que, apesar do crime, continua morando na Ilha do Governador e leva uma vida normal
"Nunca recebi ameaças e jamais
andei com seguranças", afirmou.
A família de Sidneya vetou a
idéia da Secretaria Estadual de
Direitos Humanos de dar seu
nome à casa de custódia Bangu
5, inaugurada em 2002. Motivo
da recusa: o crime ainda não ter
sido esclarecido.
O irmão de Sidneya, Ednei
Santos, disse que o fato de a polícia não ter encontrado testemunhas do crime não é desculpa para o atraso na apuração. "Acho
que há falta de competência. Estamos indignados e queremos
que o caso seja solucionado."
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