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Estado tem 786 internos envolvidos em homicídio e latrocínio, mais do que a soma de outras 14 unidades da Federação
SP concentra menores acusados de matar
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
O número de adolescentes internados por assassinatos em São
Paulo é maior do que a soma dos
menores acusados pelo mesmo
crime em outros 14 Estados.
Segundo levantamento feito pela Folha, dos 1.421 adolescentes
envolvidos em homicídios ou latrocínios (roubo seguido de morte) nesses 15 Estados, 786 estão
sob a guarda da Febem, a instituição responsável por cuidar de
menores infratores em São Paulo.
Os 635 restantes cumprem medidas socioeducativas (punição
prevista no Estatuto da Criança e
do Adolescente) ou aguardam decisão judicial no Rio de Janeiro,
em Santa Catarina, no Espírito
Santo, no Pará, em Roraima, em
Mato Grosso do Sul, no Ceará, na
Paraíba, no Piauí, na Bahia, em
Alagoas, em Pernambuco, no Maranhão e em Sergipe. Nos demais
Estados, a reportagem não obteve
os dados.
O levantamento mostra que São
Paulo abriga 573 jovens envolvidos em homicídios e 213 em latrocínios. Esses números totalizam,
respectivamente, 446 e 121 nos demais Estados -sem contar o Rio,
que divulgou apenas o número
total de 68 homicídios e latrocínios, sem especificar.
Quase todos os acusados são do
sexo masculino. No Brasil, poucas
meninas estão envolvidas em crimes de morte. O Pará tem o maior
número declarado de garotas
acusadas de envolvimento em assassinatos: seis, sendo cinco delas
homicidas e uma latrocida.
São Paulo é também o campeão
em número de internos: há 6.705
crianças e adolescentes nessa situação nas unidades paulistas da
Febem, contra 4.830 nos outros 14
Estados.
Com 2.266 jovens cumprindo
medidas socioeducativas em regime fechado ou semi-aberto, o Rio
de Janeiro vem em segundo lugar
no ranking. Mas, apesar da quantidade de internos, só 68 estão envolvidos em assassinatos, segundo a estatística oficial.
Esse número é inferior até mesmo ao registrado no Ceará, que
declarou manter sob sua guarda
521 internos, sendo 141 acusados
de homicídio ou latrocínio. O Maranhão vem em terceiro lugar,
com 79 jovens homicidas ou latrocidas -sempre levando-se em
conta os Estados consultados.
Custos
Poucos governos divulgaram
quanto gastam com os jovens infratores. Apenas Ceará e Pernambuco forneceram a informação.
Segundo a Secretaria de Ação
Social do Ceará, o Estado gasta R$
1.800 mensais com cada interno.
Em Pernambuco, esse custo cai
para R$ 1.030, de acordo com a
Secretaria da Justiça.
Para a coordenadora do núcleo
de proteção social e medidas socioeducativas da Secretaria da
Ação Social do Ceará, Sâmara
Maciel, os números do Estado, incluindo o de jovens envolvidos
em crimes de morte, não divergem da realidade nacional.
Os fatores que levam a esses crimes, diz, também são comuns.
No Estado, o uso de drogas, o envolvimento com gangues e a falta
de perspectivas para o futuro são
as causas principais que induzem
os adolescentes a matar.
A prevenção, segundo Maciel,
não é apenas um problema de
ação social, mas também de segurança pública. "Os adolescentes
de gangues são muito fechados, a
organização é muito fechada, o
que dificulta o acesso para um trabalho educacional", disse.
Colaboraram a Reportagem Local, a Sucursal do Rio e KAMILA FERNANDES e
TIAGO ORNAGHI, da Agência Folha
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