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Gastos de empresas em pesquisa e em equipamentos de segurança não conseguem barrar golpes cada vez mais audaciosos
Fraude telefônica fica mais sofisticada
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Uma pesquisa, de âmbito mundial, realizada pela Associação para o Controle das Fraudes em Comunicação, dos EUA, constatou
crescimento das fraudes nas áreas
de atuação de 80% das companhias telefônicas, com prejuízos
de US$ 35 bilhões a US$ 40 bilhões por ano para as empresas.
No Brasil, existem cerca de 10
mil inquéritos e processos judiciais envolvendo fraudes em telefonia fixa e celular. Um terço deles
refere-se ao desvio de cabos dos
telefones públicos para uso privado, o popular gato. Segundo as teles, há hotéis e restaurantes cinco
estrelas sob investigação.
As fraudes telefônicas se sofisticam à medida em que avança a
tecnologia. As indústrias de telecomunicações e as companhias
telefônicas gastam muito em pesquisa e em equipamentos de segurança para tentar barrar os
fraudadores, mas para cada golpe
neutralizado, surge um outro,
mais audacioso.
""Não há tecnologia 100% segura", disse o vice-presidente de rede e de tecnologia da Vivo, o espanhol Javier Rodriguez.
A empresa, que tem 18,5 milhões de assinantes no Brasil, não
divulga a quantidade de fraudes
das quais ela e os clientes são vítimas, mas admite que a clonagem
é o grande problema das operadoras de celular.
Por meio de um ""scanner", os
fraudadores captam, no ar, o código de registro de um celular regularmente cadastrado e os copiam em outro aparelho. Passam
a fazer ligações que caem na conta
do dono do telefone legítimo.
Quando o golpe é descoberto, a
telefônica inabilita o aparelho,
mas o rombo já está feito. Neste
caso, o ônus é da companhia, já
que o assinante não tem como
impedir a clonagem.
As empresas monitoram os telefones, para tentar neutralizar os
clones o mais rapidamente possível. Quando percebem que um
aparelho fez mais ligações do que
o usual, elas entram em contato
com o assinante para confirmar a
origem das chamadas.
Outra fraude disseminada é o
uso de notas fiscais frias para a habilitação de telefones celulares
roubados. Rodriguez diz que a
falsificação não é percebida pelas
companhias e o telefone roubado
volta ao mercado ""legalizado".
Fragilidade
O Brasil possui uma rede de telefonia analógica, construída no
início dos anos 90, extremamente
vulnerável à clonagem e ao grampo clandestino.
""A transmissão analógica é como uma estação de rádio: basta
localizar a frequência para captar
os sinais", explicou o presidente
da Qualcomm no Brasil, Marco
Aurélio Rodrigues. A empresa, de
origem norte-americana, criou a
tecnologia celular digital CDMA,
usada pela Vivo.
As tecnologias digitais CDMA e
TDMA foram implantadas a partir de 1995. Por decisão do governo, foi mantida a rede analógica.
Os telefones funcionam nas duas
bandas, analógica e digital, o que
os torna vulneráveis à clonagem e
à escuta clandestina.
Foram os EUA que decidiram
primeiro pela convivência dos sistemas analógico e digital. Os demais países seguiram a decisão.
Os europeus, ao contrário, arrancaram toda a rede analógica
construída e implantaram o padrão GSM, 100% digital.
O GSM tem 930 milhões de assinantes no mundo (foi adotado no
Brasil pela TIM, Oi e Claro) e, até
o momento, os fraudadores não
conseguiram captar o código dos
assinantes pelo ar.
Segundo Oswaldo Torres Yañez, diretor de controle de fraudes
da Entel (Chile), não há registro
de clone ou de interceptação telefônica clandestina contra os 12
milhões de assinantes do serviço
na América Latina, até agora.
No entanto, na Europa e nos Estados Unidos são vendidos equipamentos para clonagem do chip
do celular GSM -o ""SIM
Card"- que armazena os dados
de identificação do assinante.
Há sites na internet que oferecem ""SIM Card" virgens para serem copiados e programas para
clonagem, por US$ 90.
Para enfrentar a sofisticação dos
fraudadores, tem sido usada a
criptografia (codificação) desenvolvida pela indústria de defesa.
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