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Plano de combate a incêndio do Cultura Artística é de 1983
Projeto está de acordo com a lei, mas na época em que foi aprovado não previa detectores de fumaça e parede antichamas
Teatro, parcialmente destruído por incêndio no domingo passado, foi liberado pelos bombeiros em fevereiro de 2007
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O plano de segurança contra
incêndio do teatro Cultura Artística, no centro de São Paulo,
parcialmente destruído pelo
fogo no domingo passado, se
baseia em regras feitas 25 anos
atrás e que não são mais aplicadas aos prédios modernos.
Não há, no entanto, nenhum
impedimento legal para que o
teatro tenha sido liberado pelos
bombeiros sob uma resolução
de combate a incêndio de 1983,
o da lei 20.811. Isso porque o
Estado de São Paulo adota três
normas para vistoria em prédios. Além da citada acima,
também valem decretos de
1993 e de 2001.
Como o teatro incendiado foi
fundado em 1950, os bombeiros têm de aplicar o primeiro
decreto que estava em vigor, o
de 1983. Se o prédio tivesse sido
construído após 1993, teria que
responder as exigências deste
decreto. O decreto de 2001 vale
para prédios após esta data.
Mas mesmo legal, especialistas e bombeiros ouvidos pela
Folha informaram que as normas de 1983 não são suficientes
para combater incêndios.
O PTCI (Projeto Técnico de
Combate a Incêndio) feito pela
Associação Cultura Artística,
que gerencia o teatro, não dispõe, por exemplo, de uma série
de exigências para combater fogo, presentes em decretos
atuais, como detector de fumaça, segundo a norma de 1993, e
controle de material de acabamento para retardar a propagação das chamas, pela de 2001.
O AVCB (Auto de Vistoria do
Corpo de Bombeiros) concedido ao teatro em 15 de fevereiro
de 2007 se baseou no decreto
de 25 anos atrás. O prazo da vistoria venceria em 14 de fevereiro de 2009 -as vistorias são
realizadas de três em três anos.
Pelo decreto de 1983, o teatro
cumpriu as exigências previstas: extintores, hidrantes, alarmes de incêndio e iluminação e
saídas de emergência.
Mas bombeiros que aceitaram falar sob anonimato, disseram que se fosse cobrada a presença de detector de fumaça, o
aparelho iria avisar o vigia com
mais rapidez sobre o fogo no
teatro. Ele só percebeu a fumaça quando as chamas já consumiam o local. Outro ponto: havia muita madeira e material
combustível na sala Esther
Mesquita, no segundo andar,
destruída pelo fogo e a queda
do telhado. Os bombeiros dizem que um material contra
chamas inibiria a propagação.
"As exigências de 83 são mínimas, mas não quer dizer que
sejam suficientes", disse Rosária Ono, professora da FAU
(Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo) da USP.
Gérald Perret, da Sociedade
Cultura Artística disse que o
teatro não tem detector de fumaça porque o teto de madeira
não prevê isso. "Se for reformado, o teatro terá o mais moderno sistema contra incêndios."
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