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URBANISMO
Experiências de recuperação de áreas degradadas em Barcelona e Milão são referências para projeto paulistano
Espanha e Itália inspiram o Bairro Novo
DA REPORTAGEM LOCAL
O planejamento urbanístico
que a Prefeitura de São Paulo busca com o concurso Bairro Novo
tem como referência experiências
praticadas na Espanha e na Itália
na década de 90. No Brasil, a Prefeitura de Santo André (Grande
São Paulo) iniciou em 1999 uma
ação semelhante, para reorganizar a ocupação do eixo metropolitano da avenida dos Estados. O
projeto foi batizado de "Eixo Tamanduatehy".
A inspiração espanhola se deve
principalmente à reformulação
pela qual passou Barcelona para
receber as Olimpíadas de 92. Um
grande eixo da cidade foi reformulado, abrigando novos prédios, praças e equipamentos,
além de um redesenho urbano.
"Precisamos ponderar que eles
trabalham com uma escala bem
menor lá, pelo tamanho da cidade
em relação a São Paulo. Mas existe
um bairro chamado Poblenou
que foi totalmente reformulado.
Existia uma série de galpões industriais antigos que foram modificados. Numa parte desse bairro
se construiu a Vila Olímpica, que
depois foi bem integrada à cidade
e ao porto", afirma José Magalhães Júnior, diretor de projetos
urbanos da Secretaria Municipal
de Planejamento.
Na Itália, um projeto de reestruturação foi feito em Milão, num
bairro chamado Biboca, diz Magalhães Júnior. "Lá, era um terreno da Pirelli que quando foi abandonado também passou por uma
reformulação e ganhou novos
usos e habitações", afirma.
De acordo com Paulo Sophia,
presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) em São Paulo, a experiência dos arquitetos espanhóis é bem conhecida no
mundo todo, o que pode fazer
com que um arquiteto de lá seja
convidado para participar do júri
do concurso. "Eles conseguiram
implantar com qualidade um mix
de usos. Reformularam o porto e
abriram a cidade para o mar. Outra característica espanhola é a
construção de praças, que eles
privilegiam muito", diz.
Das intervenções brasileiras, a
que mais se aproxima do proposto em São Paulo é o "Eixo Tamanduatehy", em Santo André. Em
1999, uma equipe de arquitetos
brasileiros e estrangeiros foi chamada para pensar projetos para a
área 1,20 milhão de m2. A idéia
era, ao longo dos anos, viabilizar a
implantação das propostas- assim como a Prefeitura de São Paulo pretende fazer.
O time foi formado pelo catalão
Jordi Borja, autor de projetos de
reurbanização de Barcelona, o
francês Christian de Portzamparc, autor da Cidade da Música,
em Paris, o espanhol Eduardo
Leira, que fez projetos de revitalização em Madri, e o catalão Joan
Busquets, autor do projeto de
reestruturação de Puerto Madero,
em Buenos Aires. A equipe brasileira foi coordenada por Cândido
Malta, professor da FAU/USP.
Nos últimos cinco anos, foram
construídos no local duas universidade, um pólo de serviços e comércio da Pirelli, um shopping
center, três conjuntos habitacionais e um terminal de ônibus. A
prefeitura abriu novas avenidas e
uma praça, além de outras iniciativas feitas em parceria, como reformas de equipamentos.
"Analisando hoje, vemos que lá
a prefeitura ainda não assumiu
toda a grandeza das propostas feitas. Ela está muito tímida diante
do que foi proposto. Está um pouco ainda a reboque do mercado.
Falta uma tradição das prefeituras
em lidar com o planejamento",
diz Cândido Malta.
(SIMONE IWASSO)
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