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TRANSPORTES
Trechos urbanos superam rodovias em assaltos a caminhões; crimes ocorrem mais nos dias úteis, pela manhã
Roubo de carga cresce dentro de cidades
DA REPORTAGEM LOCAL
A imagem dos roubos de carga
sempre esteve associada à atuação
de quadrilhas especializadas nas
estradas do Brasil. Mas estatísticas
da entidade que reúne as transportadoras em São Paulo mostram que esse problema tem crescido principalmente nos trechos
urbanos -e que os ataques aos
caminhões se concentram nos
dias úteis e à luz do dia.
De 2000 a 2003, enquanto os
roubos de carga nas rodovias
paulistas diminuíram 14%, as
ocorrências subiram praticamente 7% na capital paulista e 55% no
restante da região metropolitana.
A quantidade de assaltos dentro
das cidades supera a das estradas
de São Paulo, segundo os registros do Setcesp (Sindicato das
Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região), que
tem um setor especializado em receber as informações das empresas, seguradoras e autônomos para detalhar esse tipo de crime.
Nas rodovias, a média em 2003
beirou dois roubos de carga por
dia. No restante do Estado, atingiu cinco casos diários, sendo três
nas ruas da capital paulista.
A redução das ocorrências nas
estradas está ligada aos investimentos das transportadoras em
sistemas de gerenciamento de riscos (como monitoramento dos
caminhões por satélite), segundo
Paulo Roberto Souza, coronel que
é responsável pela assessoria de
segurança do Setcesp.
Mesmo com a queda na quantidade de casos nas rodovias, apenas no ano passado as empresas
do setor tiveram uma perda próxima de R$ 194 milhões com as
cargas roubadas em São Paulo.
Porte
Embora em menor escala, os
roubos de carga nas rodovias
paulistas centralizam as preocupações porque costumam envolver veículos maiores, com grande
quantidade de cargas e valores.
"Nas cidades, os roubos são de
menor porte, é mais fácil absorver
os prejuízos", afirma Norival de
Almeida Silva, presidente do sindicato que representa os caminhoneiros autônomos do transporte de carga. Silva já teve sua
carga roubada quando estacionou seu caminhão em um posto
de gasolina na beira da estrada.
O avanço das ocorrências nos
trechos urbanos, porém, é considerado preocupante porque,
além de contribuir para encarecer
fretes e produtos, elas podem envolver a população que está nas
ruas -até por se dar, muitas vezes, em áreas movimentadas durante as entregas de mercadoria.
As estatísticas do Setcesp apontam que o horário das 6h às 10h e
as terças e quartas-feiras são os
períodos mais visados pelos assaltantes de carga. Os produtos alimentícios são os mais roubados.
Na capital paulista, as zonas leste
(35,04%) e sul (23,08%) predominam no total de ocorrências
-mas, em pleno centro, há um
roubo de carga a cada três dias.
Os ataques urbanos também
acabam facilitados por haver menos esquemas de proteção a esses
veículos. A explicação é simples:
como os valores dessas entregas
costumam ser menores, muitas
vezes não compensa adotar esquemas sofisticados de segurança, cujos custos são altos.
Godofredo Bittencourt, diretor
do Deic (Departamento de Investigação sobre o Crime Organizado), diz que nas ruas da capital
paulista os roubos são facilitados
também pela velocidade dos caminhões -reduzida, principalmente quando eles vão passar em
uma lombada ou parar em um semáforo. "Eles conseguem subir
na boléia e atacar os motoristas",
afirma Bittencourt.
O coronel Souza diz que, diferentemente do que acontece nas
estradas, os assaltos em trechos
urbanos nem sempre são feitos
por quadrilhas especializadas.
"Muitas vezes é um crime de
oportunidade", afirma.
As exceções ficam por conta da
invasão de armazéns, que costumam concentrar os produtos que
serão distribuídos. Somente em
2003, foram 108 crimes desse tipo.
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