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Desconfiança une pobres e ricos
DA REPORTAGEM LOCAL
Ofélia Amaral, 47, mora em
Moema, bairro nobre da zona sul
de São Paulo. É empresária, tem
dois filhos. Judite dos Anjos Silva,
28, mora numa favela no Jardim
São Luís, extremo sul da cidade.
Está desempregada há quase um
ano, tem uma filha. Em comum
ambas só têm a água da represa
Guarapiranga e a desconfiança.
"É freqüente ter um cheiro muito forte, não sei bem de quê, mas
até quando abro o chuveiro eu
sinto. E me deixa enjoada. Não tenho coragem de beber", resume
Amaral. "Eu vejo como os córregos aqui perto são sujos. Será que
eles conseguem mesmo limpar isso? Não custa prevenir", diz Silva.
Custar, custa. O medo de beber
a água da torneira, o que, segundo
a Sabesp, é seguro, alimenta um
mercado que vai dos filtros aos
galões de água mineral , passando
por purificadores e até uma assinatura, nos moldes da TV a cabo,
para ter uma "água melhor".
Amaral conta gastar mais de R$
20 por mês em garrafões de água
mineral. Usa para beber e cozinhar. Silva tem um filtro tradicional, de pia, metade de barro, metade de plástico. Custou "uns R$
20", há mais ou menos dois anos.
Isso tudo é dinheiro jogado fora, diz Teia Magalhães, 57, que
confia cegamente na qualidade da
água tratada pela Sabesp. "Me
criei e criei minhas duas filhas
com água da torneira." A opinião
favorável não deve ser desprezada, afinal Magalhães é ambientalista e coordenadora-executiva da
ONG Água e Vida.
(MV)
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