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REFORMA AGRÁRIA
Pesquisa da Universidade de Brasília e do MST revela que saneamento básico é inadequado em assentamentos
Trabalhador rural tem saúde precária
Trabalhador rural tem saúde precária
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Estudo feito pelo Núcleo de Estudos em Saúde Pública da UnB
(Universidade de Brasília) e pelo
MST retrata a precariedade das
condições de saúde de assentamentos e acampamentos de trabalhadores rurais em todo o país.
Mesmo nos locais onde os governos teoricamente planejaram
a ocupação da terra, os trabalhadores ainda sofrem com as deficiências da infra-estrutura básica
-falta de acesso à água tratada,
rede de esgoto e coleta de lixo.
Realizada entre julho e dezembro 1999, a pesquisa foi concluída
no ano passado e os resultados divulgados há poucos dias. No levantamento, foram coletados dados de 3.687 famílias assentadas
em 139 locais e 2.851 acampadas
em 92 áreas, principalmente de
assentamentos e acampamentos
do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Apesar de centrado em acampamentos e assentamentos, o resultado não difere da situação encontrada em levantamento posterior, feito pelo Núcleo de Estudos
Agrários e Desenvolvimento Rural (órgão da estrutura do Ministério do Desenvolvimento Agrário) em municípios rurais: o sistema de saúde público ainda não
olhou com a atenção devida para
os problemas do campo.
O trabalho da UnB utilizou informações fornecidas pela própria população pesquisada.
"Tivemos como tarefa estratégica fazer um diagnóstico da saúde
da nossa base. Mas o que era para
ser um diagnóstico virou um documento de denúncia", afirma
João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do MST. "Acreditamos que as condições mínimas
para moradia são atribuições de
estados e municípios."
Nos assentamentos e acampamentos, 58,3 % e 62,5 % da população, respectivamente, consumiam água sem tratamento algum. O lixo e os dejetos eram deixados a céu aberto pela maioria
das famílias. Apenas 1,2% das
áreas dos assentamentos eram
servidas de coleta de lixo.
Os dados corroboraram os da
Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios feita pelo IBGE em
1998. Ela mostrava que apenas
16,85 % da população rural era
servida por água canalizada.
"Na verdade a reforma agrária
pára na desapropriação e posse da
terra", avalia Patrícia Aucélio,
uma das coordenadoras nacionais da pesquisa pela UnB.
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