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SEGURANÇA
Vinte e dois garotos abusaram sexualmente de jovem; agressores marcaram em seu corpo a sigla do Comando Vermelho
Adolescente é violentado em abrigo no Rio
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
Um jovem de 16 anos foi violentado por outros adolescentes dentro do Instituto Padre Severino,
abrigo para menores infratores na
Ilha do Governador (zona norte
do Rio). Com uma faca artesanal,
os agressores marcaram o corpo
dele com a sigla CV (Comando
Vermelho).
F. C. S. contou que foi castigado
porque não pagou uma dívida: ele
pediu seis cigarros a um dos garotos e prometeu pagar no dia da visita familiar. A mãe, porém, não
sabia que ele havia sido detido no
dia 3 e não apareceu no instituto
no dia 8, quando as visitas ocorreram. À noite, enquanto dormia, F.
foi amarrado e amordaçado.
F. foi violentado por oito internos e obrigado a praticar sexo oral
em outros 14. Ao final, eles apanharam uma escova de dentes,
que havia sido afiada com estilete,
e marcaram a sigla CV nas nádegas e no pulso esquerdo do jovem.
"Eles diziam que, como eu não
tinha pago com dinheiro, teria
que pagar com a vida", contou.
F. disse que os maus-tratos
ocorreram das 23h30 do dia 8 até
as 5h30 do dia seguinte. De manhã, F. relatou o ocorrido a um
agente. Ele fez exame de corpo de
delito e foi levado a um hospital.
F. disse que não integra nenhuma facção criminosa. O instituto é
dominado pelo CV. Segundo ele,
os menores que "comandam" a
instituição são, normalmente, gerentes de bocas-de-fumo.
A mãe de F., D., 40, só soube da
prisão -feita em flagrante por
tentativa de furto a um restaurante- e dos maus-tratos sofridos
pelo filho no dia 12, quando recebeu um telegrama pedindo que
fosse ao Padre Severino.
A partir do dia 9, F. passou a
ocupar uma cela com internos
que não participaram das agressões, ficando dia e noite trancado,
pois corria o risco de ser morto.
Ontem, D. procurou o Ministério Público para pedir a retirada
do filho do Padre Severino. O promotor Márcio Mothé ficou indignado com a história e mandou a
retirada de F. da instituição.
"Não sabíamos de nada. Nem a
direção do Padre Severino nem o
Degase [Departamento Geral de
Ações Sócio Educativas" nos avisaram", disse. Ele redigiu uma
ação contra o Estado por omissão
e pediu que, se não forem tomadas medidas que solucionem o
problema no instituto, o Padre
Severino seja interditado.
F. seria encaminhado na noite
de ontem para uma outra instituição de menores infratores. Até as
19h o Degase e a Secretaria Estadual de Direitos Humanos não tinham comentado o episódio.
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