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"Durmo com janela aberta", diz arquiteta
DA REPORTAGEM LOCAL
"Assim que você passa a portaria, parece que entrou no paraíso." A arquiteta Ana Cristina Quitete, 42, vive num condomínio
horizontal em Barueri, na Grande
São Paulo, há 17 anos e não esconde que a grande vantagem de morar num local assim é a segurança.
"Durmo com a porta destrancada
e com as janelas abertas. Isso não
existe em São Paulo", afirma.
A portaria à qual ela se refere é
uma espécie de "bunker" cheio de
seguranças -a de um dos mais
antigos condomínios da região
chega a ter 26 vigilantes.
São eles que controlam o entra-e-sai de moradores, prestadores
de serviços e visitantes, que precisam explicar onde vão e com
quem vão falar. Alguns ainda têm
de deixar documento na entrada.
Desde que surgiram na região
de Barueri, há pouco mais de 25
anos, os condomínios horizontais
se multiplicaram e transformaram a paisagem.
Onde as padarias eram escassas
e os serviços raros, hoje há shopping centers, redes de fast food de
toda sorte, bancos, colégios, cursinhos pré-vestibulares, bares e até
uma universidade. Tudo da "portaria do paraíso" para fora. Mas
logo ali do lado.
A arquiteta -que desconfia do
bom gosto dos projetos de algumas casas de alto padrão locais-
não se faz de inocente e sabe que a
proliferação de conjuntos residenciais é apenas um sintoma da
rede de proteção que a elite paulistana tenta formar.
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