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Dona Anita, 99,
reencontra sua
velha amiga
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1961, quando "Space
Wars", o primeiro jogo eletrônico da história, foi criado num
laboratório nos EUA, a paulistana Anita Arruda Botelho Junqueira Franco, então com 57
anos, ignorou o fato.
Hoje, aos 99, depois de ter
visto o cometa Halley cruzar
duas vezes os céus de São Paulo, ter passado pela Revolução
de 1932 e as comemorações do
4º Centenário e ter vivido quase
um quarto dos 450 anos da cidade, ela ainda ignora o universo dos games. Mas sabe de avenida Paulista como ninguém.
Afinal, era pelas calçadas daquelas ruas que dona Anita, na
flor dos 15 anos, fazia o "footing" com suas amigas, enquanto os rapazes flertavam do
carro, seguindo o corso. "Naquela época, não era moda vir
falar", lembra ela, que fez o passeio virtual "Paulista 1919" a
pedido da Folha.
Hoje uma senhora muito
bem posta, de vestido florido e
bengala elegante, dona Anita
nunca morou na Paulista.
"Nossa casa era nos Campos
Elíseos, como todo o mundo",
diz. "Mamãe quis comprar residência aqui para os altos, mas
descobriu que dois rapazes haviam morrido de tuberculose!"
Enquanto um dos funcionários da exposição vai manejando o mouse para ela "passear",
a senhora se espanta com a semelhança entre a representação virtual e as lembranças que
tem: "Era assim mesmo!".
Reconhece a fachada do Hospital Santa Catarina, "onde papai morreu", e a casa da família
Von Bullow, que fundou a Cervejaria Antarctica e cuja residência foi demolida.
Mas o que a emociona mesmo é lembrar-se das festas, que
aconteciam no Belvedere (hoje
o vão livre do Masp) e no Trianon. "Não tinha TV e os restaurantes e cinemas eram raros,
então fazia-se festa todo dia."
E do Carnaval. "Nós alugávamos carro e vínhamos para o
Corso na Paulista, fantasiadas".
Sozinhas? "Não, com nossa
"gouvernante" alemã."
(SD)
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