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EDUCAÇÃO
Em média, 25% dos alunos não pagam mensalidade; especialista prevê "estouro da bolha" com onda de falências e fusões
Inadimplência dobra em universidades de SP
LUIS RENATO STRAUSS
DA REPORTAGEM LOCAL
A inadimplência mais que dobrou nas universidades privadas
do Estado de São Paulo neste ano.
Segundo o Semesp (Sindicato das
Entidades Mantenedoras de Ensino Superior no Estado de São
Paulo), a média de alunos que não
pagam as mensalidades é de 25%
-a média histórica é de 12%.
A situação está exigindo ajustes
das instituições para enfrentar a
crise. A Universidade Metodista
de São Paulo, por exemplo, que
teve um aumento da inadimplência de 7% (média dos anos anteriores) para 33% (neste ano), vai
negociar amanhã com os professores. A pauta: pedir aos docentes
que abdiquem de uma parcela de
7% do aumento salarial referente
ao dissídio da categoria -ao todo
o reajuste é de cerca de 14%.
O pagamento seria feito só em
2004, dependendo dos indicadores do início do ano. Além disso,
um quarto do 13º salário e o salário de férias seriam pagos com um
mês de atraso. Em contrapartida,
haveria garantia de manutenção
do emprego.
A PUC (Pontifícia Universidade
Católica) de São Paulo é outra instituição em crise: na semana passada, pagou com atraso parte dos
salários e propôs aos professores
um plano de corte de gastos que
prevê, entre outros pontos, fusão
de turmas com poucos alunos.
A alta inadimplência é apenas
um dos problemas do setor. A
concorrência teve um aumento
recorde -o número de universidades privadas no país cresceu
45% em dois anos. Como consequência, é alta ociosidade das vagas (31% das matrículas).
Para Gabriel Mario Rodrigues,
presidente do Semesp, as universidades precisam encontrar novas
formas de financiamento. Alternativas, diz ele, estão surgindo
com a especialização de empresas
financeiras no crédito educativo.
O Semesp lançou neste ano o
Cebrade (Centro Brasileiro de Desenvolvimento do Ensino Superior), que também oferecerá crédito educativo. Estima-se que haja cerca de 3 milhões de estudantes que não estão em uma faculdade por falta de recursos -poderiam arcar com mensalidades
entre R$ 200 e R$ 250, mas elas
são, em geral, superiores a R$ 400.
Ryon Braga, diretor do Grupo
CM de Consultoria Educacional,
diz que a "bolha especulativa do
setor" está prestes a estourar.
A LDB (Lei de Diretrizes e Bases
da Educação), de 1996, permitiu a
criação de universidades com objetivos empresariais-até então,
eram admitidas só instituições
sem fins lucrativos.
"Houve uma expansão rápida,
que procurava a lucratividade do
setor. No entanto isso não ocorreu de forma equilibrada." Para
Braga, o aumento da inadimplência irá acelerar o "estouro da bolha", o que significa que, muito
em breve, devem ocorrer falências e fusões no setor.
A crise não se limita ao ensino
superior. Escolas particulares
também têm enfrentado problemas como ociosidade e inadimplência.
Na semana passada, o Colégio
São Bento, uma das instituições
mais tradicionais da capital paulista, anunciou que deixará de
funcionar em 2004. O motivo é a
dificuldade de fechar as contas, já
que 30% dos alunos não estão pagando as mensalidades.
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