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São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2003

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SAÚDE

Valor foi gasto em 2002 com internações associadas a doenças em que a inatividade é fator de risco

Sedentarismo custa R$ 93,7 mi a SP

DA REPORTAGEM LOCAL

O sedentarismo custou pelo menos R$ 93,7 milhões aos cofres públicos no Estado de São Paulo no ano de 2002. Com o auxílio do Centro de Controle de Doenças dos EUA, o Celafiscs (Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul) calculou pela primeira vez no país o impacto econômico da falta de atividade física.
O valor corresponde a 3,6% do total de gastos em saúde no Estado no ano e a mais da metade do total de gastos hospitalares (R$ 179,9 milhões) com dez problemas de saúde associados à inatividade (veja quadro). O gastos com internações por doenças cardiovasculares respondem por 85% do custo do sedentarismo.
Os valores proporcionais são semelhantes aos encontrados em outros países, como os EUA, o que mais explora argumento econômico na defesa de políticas públicas na área da saúde. A prática de calcular o custo dos maus hábitos também ganha força no país.
"Estudos assim são para mostrar que vale a pena investir nisso. É difícil convencer as autoridades", afirma Douglas Roque Andrade, vice-presidente do Celafiscs. Depois de algumas iniciativas isoladas sobre o custo do absenteísmo no trabalho provocado por algumas doenças, saiu no início do ano a primeira grande pesquisa brasileira nessa linha, que calculou que o país gasta anualmente R$ 1,5 bilhão com o excesso de peso.
Ao lado do CDC, o centro de São Caetano do Sul (Grande SP), uma ONG com 30 anos de atividade, coordena a Rede Americana para Promoção da Atividade Física. No Estado, o Celafiscs é responsável pelo programa de atividade física da Secretaria de Estado da Saúde, o Agita São Paulo, considerado modelo pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Método
O levantamento dos custos do sedentarismo começou a ser idealizado em 2000. Mas o desenho só ficou pronto no ano passado. Foram escolhidas as doenças e problemas de saúde em que já havia estudos mais consolidados sobre sua relação com o sedentarismo e considerados apenas os gastos com internações hospitalares, colhidos no Datasus (sistema de informações do sistema público). Em razão da ausência de dados nacionais, os pesquisadores utilizavam estimativas de prevalência do sedentarismo e dados do poder "protetor" da atividade física coletados pelo CDC.
O custo milionário da inatividade, diz Andrade, não implica programas caros para estimular a atividade física. O Orçamento do Agita São Paulo é de R$ 395 mil neste ano. O custo é baixo porque a ação é descentralizada, via 300 parceiros, que recebem auxílio técnico.
Ainda não há estudos amplos concluídos sobre o impacto real do programa, que prega 30 minutos diários de atividade leve a moderada por dia. O Celafiscs tem pesquisas que mostram que o Agita é conhecido por 40% da população. O programa investe agora em parcerias com entidades da área de trânsito para a criação de espaços para a atividade física. (FABIANE LEITE)

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