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SAÚDE
Estudos mostram que exercícios reduzem o risco da doença principalmente no intestino grosso e nas mamas
Atividade física ajuda a prevenir câncer
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Dado estimulante para quem
pretendia passar o domingo no
sofá: acumulam-se os estudos que
mostram "poderes" pouco conhecidos da atividade física, como o de prevenir alguns tipos de
câncer. "Já existem evidências
principalmente para os casos de
câncer de cólon [intestino grosso]
e de mama", afirma Ryad Younes,
chefe do setor de Cirurgia Torácica do Hospital do Câncer de SP.
O câncer colo-retal é a terceira
causa mais comum de morte por
câncer no país, segundo dados do
Inca (Instituto Nacional de Câncer). O de mama é o que mais causa mortes em mulheres (mais de
8.000 casos em 2000) e é o segundo mais incidente na população
feminina (são previstos 41.610 novos casos neste ano).
A maioria dos casos de câncer
está relacionada ao ambiente em
que vive o paciente, contabilizados aí hábitos de alimentação e o
padrão de atividade física.
"Alguns estudos falam do benefício da atividade leve, outros da
alta atividade. No mínimo, é melhor do que o sedentarismo", diz
Younes. Pesquisadores ainda debatem qual seria a "dose" ideal
para obter benefícios consistentes. Mas combater o sedentarismo
já faz parte da recomendação de
sociedades de oncologia para um
estilo de vida mais saudável. A
norte-americana a incluiu em
1996. E em 2000 pesquisadores já
consideravam a atividade física
com um fator independente de
proteção -não-associado à dieta, por exemplo.
Em 1995, estudos comprovaram que 30 minutos diários de
atividade física moderada, na
maior parte da semana, trazem
benefícios ao organismo. Os 30
minutos podem ser contínuos ou
repartidos em diferentes atividades leves a moderadas, como andar até o trabalho, passear com o
cachorro, cuidar do jardim.
A mensagem foi encampada pela OMS (Organização Mundial da
Saúde) no seu programa de combate ao sedentarismo. Estudos divulgados em 2000 recomendavam de 30 a 45 minutos na maioria dos dias principalmente para a
prevenção do câncer de cólon.
A redução de risco para câncer
de cólon trazida pela atividade física varia de 10% a 50%, a maior
foi verificada no estudo mais novo, de 2001. Um dos mais recentes
trabalhos sobre atividade física e
câncer de mama, publicado neste
mês no Jama (publicação da Associação Médica Norte-Americana), mostra que mulheres na pós-menopausa que andavam vigorosamente por 1,25 hora a 2,5 horas
por semana tiveram uma redução
de 18% no risco para esse tipo de
câncer em relação às sedentárias.
No quadro publicado nesta página, foram reproduzidas as avaliações mais "conservadoras" sobre o impacto da atividade física
na redução do risco para doenças.
Os dados foram compilados pelo
Celafiscs (Centros de Estudos do
Laboratório de Aptidão Física de
São Caetano do Sul), ONG que
atua há 30 anos na área de promoção da atividade física.
Incógnita
Até dez anos atrás, nem os médicos davam muita atenção ao sedentarismo como fator de risco
para o câncer, centrando o foco
sobre o cigarro, a alimentação. Ainda há poucas informações sobre benefícios para outras doenças porque
faltam pesquisas.
Ainda é uma incógnita o mecanismo fisiológico que faz
com que a atividade física
combata os cânceres de
mama e de cólon.
"Há sugestões de que a
atividade física reduza o
tempo de exposição ao estrogênio [hormônio feminino que estimula células cancerígenas]", diz Tânia Cavalcante, chefe da Divisão do
Programa de Controle do Tabagismo e outros Fatores de
Risco do Inca. A instituição
desenvolve um projeto-piloto de
combate à má alimentação e ao
sedentarismo, que será ampliado
no fim de 2004.
No caso do câncer de cólon,
uma das hipóteses é o fato de o
exercício acelerar o trânsito intestinal, diminuindo a permanência
de substâncias cancerígenas.
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