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Colégio é último item a ser "cortado"
MARIANA SGARIONI
VERÔNICA FRAIDENRAICH
DA REVISTA
Para a maioria dos pais, "educação" é um dos últimos itens a sofrerem corte no orçamento familiar. Indagados sobre o que fariam
diante de uma crise financeira,
78% disseram que tentariam
manter seus filhos na escola onde
estão, reduzindo outros gastos.
Apesar da prioridade ao ensino,
dados sobre matrículas mostram
que a classe média não está conseguindo preservar seus filhos. Pesquisa do Instituto Ipsos Brasil, divulgada em agosto passado,
apontou uma queda de 23,3% para 21,9% na porcentagem de alunos da rede particular na faixa
etária de 15 a 17 anos. O levantamento foi feito com 15.260 jovens
de nove centros urbanos no período de janeiro de 2001 a março
de 2003. Na rede pública, segundo
o estudo, o número de estudantes
aumentou de 64,4% para 66,3%
nessa mesma faixa etária.
A inadimplência é outro indicador da dificuldade de manter os
filhos na rede privada: no primeiro semestre deste ano, esse nível
ficou em 11% em todo o Estado de
São Paulo. No mesmo período de
2002, era de 7%, segundo dados
do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São
Paulo. "Os pais acabam tendo de
optar entre a educação dos filhos
e o prato de arroz com feijão na
mesa", diz a pedagoga Neide Barbosa Saisi, professora da Faculdade de Educação da PUC-SP.
A migração para a rede pública
tem duas consequências imediatas: 1) torna as escolas privadas
cada vez mais reduto da elite
(92% de classes A e B, segundo levantamento do Datafolha); 2) leva uma parte da classe média para
a escola pública, o que pode levar
a uma melhoria no nível de ensino fornecido pelo Estado.
Para amenizar os efeitos do primeiro impacto, muitos colégios
têm redobrado os esforços nas
atividades que buscam mostrar a
diversidade social do país. Dificuldade de senso prático, preconceito e repertório limitado são
apenas alguns dos problemas que
os alunos "de redoma" podem
enfrentar no futuro.
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