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43% dos caminhões trafegam vazios em SP
O dado consta no relatório "Mobilidade Urbana na Cidade de São Paulo", produzido pela consultoria de transportes TTC
Um dos autores do estudo diz que a restrição a caminhões irá obrigar o setor de logística a otimizar o uso dos veículos
DA REPORTAGEM LOCAL
Caminhões vazios correspondem a 43% das cerca de
39.360 viagens diárias que têm
como origem ou destino fábricas e centros de distribuição de
mercadorias da RMSP (Região
Metropolitana de São Paulo).
Ou seja: na prática, para cada
caminhão que sai ou chega carregado, um outro está vazio.
O dado consta no relatório
"Mobilidade Urbana na Cidade
de São Paulo", da consultoria
de transportes TTC, com números da pesquisa de origem e
destino de transporte rodoviário e aeroportuário da Secretaria de Estado dos Transportes.
Um dos autores do estudo, o
consultor de transportes e ex-diretor da Dersa Bernardo Alvim, diz que um efeito colateral
da restrição a caminhões no
centro da cidade será obrigar o
setor de logística de transportes -que inclui fabricantes,
transportadoras e comércio- a
encontrar soluções para otimizar o uso dos veículos.
Alvim considera alto o percentual de caminhões vazios,
mas faz a ressalva de que eles
são inerentes ao transporte de
carga na cidade, onde as viagens são mais curtas e com menor quantidade de produtos.
É o argumento dos transportadores. "A transportadora faz
tudo, na medida do possível,
para evitar caminhões vazios.
Nem sempre consegue porque
é uma atividade dinâmica", diz
o vice-presidente do Setcesp
(sindicato das empresas de
transporte de carga do Estado),
Manoel de Souza Lima Jr.
"Mas esse percentual [de caminhões vazios] poderia ser
menor se houvesse mais facilidades para a comunicação entre os fabricantes e as transportadoras", observa Alvim.
Entretanto, para ele, embora
as restrições anunciadas pela
prefeitura tenham a "virtude"
de obrigar o setor a buscar soluções, as medidas terão efeito limitado, já que não chegam
acompanhadas de projetos de
longo prazo.
Uma alternativa, enfatiza, seria o investimento em estudos
para a criação de centros de distribuição em pontos estratégicos da cidade -"algo para os
próximos 10 ou 15 anos", mas
"que deve começar desde já".
Esses locais serviriam para
centralizar as cargas que vêm
de fora em caminhões grandes
e abrigariam a transferência de
produtos para veículos menores, apropriados a rodar dentro
da cidade -como VUCs.
"É como o táxi. Precisa ter
uma central para otimizar as
entregas", diz o presidente da
ANTP (Associação Nacional
dos Transportes Públicos) e ex-presidente da CET, Ailton Brasiliense. Ele avalia os 43% de
caminhões vazios como "uma
loucura desnecessária".
Chicago e Paris, cujos centros hoje são referência, começaram a planejá-los há ao menos 20 anos. "Precisamos aprender a planejar uma cidade
nova em cima da antiga", diz o
consultor Luiz Bottura.
(ALENCAR IZIDORO e RICARDO SANGIOVANNI)
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