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Setores temem que aumento no custo do frete encareça produtos
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio às preocupações de
fabricantes, transportadores e
comerciantes de São Paulo antes do início das novas restrições aos caminhões, uma parece ser comum a todos eles: o receio de que o virtual aumento
dos custos das entregas seja repassado ao consumidor.
"Para fazer em menos tempo
o que faz atualmente em um dia
inteiro, o setor vai ter que praticamente dobrar a sua capacidade de entrega. E não é sustentável dobrar a capacidade para
continuar fazendo a mesma
coisa", diz o consultor Claudio
Czapski, superintendente do
ECR Brasil (grupo que reúne
industriais e varejistas para desenvolver soluções de logística
de cargas).
O secretário dos Transportes, Alexandre de Moraes, afirma, porém, que não haverá necessidade de investimento por
parte das empresas para se
adaptar às novas regras. "Não
haverá substituição dos VUCs
[por veículos menores]", diz.
Algumas empresas, no entanto, como a Argios, que transporta cargas roupas e sapatos
para o varejo, já estão adotando
a política. "Tinha 18 vans. No
ano passado, com a liberação
do VUC [em 24 km2 do centro,
no segundo semestre de 2007],
vendi metade delas e comprei
seis VUCs. Ía me desfazer das
outras, mas agora desisti. Vou
comprar mais [vans]", disse o
diretor, Antonio Archilha.
Para fazer o serviço de dois
VUCs, segundo o empresário,
são necessárias três vans -os
dois tipos de veículo custam
em média R$ 90 mil e ocupam
o mesmo espaço na via (25 m2 ,
contra 15 m2 de um carro). Para
cada veículo de entrega são necessários três funcionários.
O vice-presidente da ACSP
(Associação Comercial de São
Paulo), Roberto Ordine, diz
que "há a preocupação" de que
o aumento do custo do frete
encareça os produtos. "Aí vai
haver necessidade de reajuste",
diz, embora a associação seja
favorável à ação da prefeitura.
Outra preocupação é com o
aumento dos custos de manter
estabelecimentos abertos à
noite, quando as empresas têm
que pagar adicional noturno.
A Apas (Associação Paulista
de Supermercados) prevê aumento de até 5% nos custos em
razão das entregas à noite. Cerca de 66% do faturamento dos
supermercados correspondem
a produtos não-perecíveis, cujas entregas até a última semana eram feitas durante o dia.
"A gente não é contra mudanças. Mas não concordamos
que décadas de descaso com a
mobilidade sejam debitadas na
conta do setor produtivo de
maneira abrupta, atabalhoada.
Os supermercados e shoppings
terão redes de logística para receber de madrugada. Mas os
pequenos comerciantes serão
bastante afetados. Pode provocar um pequeno desabastecimento", afirma José Carlos Larocca, da Fecomércio- SP (federação do comércio).
Emerson Kapaz, do Instituto
para Desenvolvimento do Varejo, avalia que, entre as atividades mais afetadas, estão a de
materiais de construção e a de
entregas em domicílio.
(RS e AI)
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