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Cursos fora da rotina de trabalho atraem paulistanos nas férias
Especialistas dizem que cursos podem ser aliados para encarar tarefas diárias
OCIMARA BALMANT
DA REVISTA DA FOLHA
O despertador toca. São 7h de
um sábado frio em São Paulo.
Tomás Wey, 29, engenheiro de
uma empresa de telecomunicações, pula da cama. Em menos
de 15 minutos está pronto: calça, camisa, colete, chapéu e maquiagem. Para completar o visual, um nariz de palhaço. Ele
não vai ao trabalho. Seu destino
é o curso de clown.
Tomás é um dos muitos paulistanos que dedicam horas a
atividades sem qualquer relação profissional. A crescente
procura pelos cursos livres fez
com que até mesmo o mês de
julho virasse tempo de estudar.
São programas de curta duração para quem busca novas experiências, independentemente da profissão que exerce.
"Desde criança me maquiava
como palhaço. Quando vi a possibilidade de brincar com isso,
adorei. Mas, claro, não vou largar meu emprego para trabalhar com nada parecido", diz o
criador do palhaço Afonso Estafúrcio, nome que incorpora
durante as aulas de clown. O
"nome artístico" também entra
em cena quando Tomás atua
como voluntário em um hospital infantil no Morumbi.
Além de servir como um refresco, cursos que fogem da tarefa do dia-a-dia podem ser um
importante aliado, inclusive
para encarar o trabalho, garantem os especialistas. "O indivíduo gasta muito tempo estudando alguma coisa de âmbito
restrito. Ele é, por exemplo, um
cirurgião responsável pela artéria coronária esquerda. É
normal que sinta falta de outros assuntos", diz o psicólogo
Ari Rehfeld, 53, supervisor da
Clínica Psicológica da PUC-SP.
É o caso da médica Grasiela
Domingues Pessoa, 38. Às
quartas, ela sai de casa com mala na mão pronta para encarar
72 horas seguidas de plantão,
divididas entre uma maternidade em Interlagos (zona sul) e
um hospital em Ermelino Matarazzo (zona leste).
Sábado, a maratona é outra.
Quando deixa o hospital, a médica segue para uma escola de
música. Grasiela começou no
teclado. Hoje, além dele, toca
violão. "Aqui, viro outra pessoa.
Muda o meu humor. Até minha
TPM melhora. Quero até levar
o violão para o hospital, para tocar no intervalo entre um atendimento e outro", brinca.
A presença cada vez maior de
paulistanos que já estão no
mercado de trabalho em cursos
livres levou a Escola Arte São
Paulo, onde Grasiela estuda, a
aumentar o número de unidades. Só no início deste ano, três
filiais foram inauguradas.
"Cresceu a participação dos
pais. Antes, os cursos eram voltados somente para crianças e
adolescentes", diz Arsênio Armelin, 48, dono da rede.
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