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Região tem poluição histórica
DA REPORTAGEM LOCAL
A pesquisa da geóloga Luciana
Ferrer sobre a presença de mercúrio em excesso no mangue de Cubatão não identifica a fonte dessa
poluição. A tarefa é mesmo difícil,
uma vez que a região está rodeada
pelo passivo ambiental do pólo
industrial da cidade, que reúne 16
grandes empresas, entre elas a Petrobras, a Cosipa e a Ultrafértil.
Quando o assunto é mercúrio,
no entanto, um nome se sobressai: Carbocloro. Instalada em Cubatão desde 1964, a indústria é a
que mais manipula o metal: gasta,
por ano, 500 kg na fabricação de
gás cloro e de soda cáustica e tem
um depósito de 140 t do produto.
O mercúrio metálico está presente em todos os resíduos da
Carbocloro, mas, segundo Ademar Salgosa Jr., gerente de suporte industrial da empresa, já há cerca de 15 anos eles são tratados, e o
metal reutilizado. "Não compramos mercúrio desde 97, e nosso
efluente apresenta uma concentração de mercúrio dez vezes menor que o limite estabelecido."
A Carbocloro obteve, em 99, a
certificação ISO 14.001, de excelência ambiental, e tem, segundo
a agência da Cetesb em Cubatão,
um bom padrão. Todas as qualificações não a impediram, porém,
de ter recebido três advertências
entre 2001 e meados deste ano, todas por ter despejado no ambiente efluentes que não deviam ter
mercúrio, mas tinham.
A presença de mercúrio no
mangue pode ser resultado de
anos de poluição acumulada -já
que as primeiras leis ambientais e
ações de controle no Brasil datam
de meados dos anos 70, e o mercúrio não se degrada.
"Como tudo na história, as tecnologias de tratamento de efluentes evoluíram, mas nunca despejamos mercúrio in natura no rio",
diz Salgosa Jr. Ele ressalta o caráter difuso da poluição que atinge
o mangue de Cubatão. "Além das
outras indústrias do pólo, a água
do rio Pinheiros veio, durante
muitos anos, para a baixada, por
meio do usina hidrelétrica de
Henry Borden. E era uma água
cheia de metais pesados", diz.
Alternativa
Existe uma alternativa ao uso de
mercúrio na fabricação do cloro,
conhecida como célula de membrana, mas ela ainda é pouco difundida no Brasil. "É claro que,
para nós, seria bom acabar com
essa cobrança em relação ao mercúrio, mas precisaríamos investir
algo da ordem de US$ 600 mil para alterarmos todo o processo, o
que não é viável por enquanto."
Segundo Marta Lamparelli, da
Cetesb, é possível fazer a remediação da área contaminada por
mercúrio, retirando o sedimento
comprometido e indisponibilizando-o em aterros industriais.
Mas o histórico de ações desse
tipo no estuário é desanimador:
em 2001, a agência quis se reunir
com as prefeituras e as indústrias
para fazer a recuperação ambiental da área, mas não conseguiu levar a idéia adiante.
(MV)
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