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Chefes afastados foram promovidos
DA REPORTAGEM LOCAL
Promoção na hierarquia militar, novos homicídios no currículo e até desvio para a criminalidade fazem parte do histórico dos
últimos dez anos de oficiais e praças da PM que participaram do
massacre na Casa de Detenção.
Dos seis comandantes afastados
três dias depois do episódio, dois
entraram para a reserva -entre
eles, o coronel Ubiratan Guimarães- , e três foram promovidos.
Na época, o então capitão Wanderley Mascarenhas perdeu a chefia do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) por causa do massacre, mas hoje é tenente-coronel
(subiu dois postos na hierarquia).
O tenente-coronel Edson Faroro perdeu o comando do 2º Batalhão da tropa de choque, mas hoje
é coronel (subiu um posto). O tenente-coronel Antonio Chiari,
comandante da Rota, também ficou sem a chefia, mas foi promovido a coronel.
Depois do massacre, os praças
voltaram para a rua sem acompanhamento especial por parte da
PM. O Proar (Programa de
Acompanhamento a Policiais Militares Envolvidos em Ocorrências de Alto Risco) só foi criado
em 1995.
O cabo Paulo Estevão de Melo,
por exemplo, soma desde o episódio Carandiru mais seis inquéritos por homicídio. Ele foi apontado no relatório da Ouvidoria das
Polícias de São Paulo como um
policial do Gradi (Grupo de Repreensão dos Delitos de Intolerância), que realizava infiltração
de presos condenados em quadrilhas supostamente ligadas ao PCC
(Primeiro Comando da Capital).
Segundo o relatório, Melo participou da ação que terminou na
morte de cinco pessoas, em julho
de 2001, no Jardim Maria Elisa
(zona norte). Entre os mortos, estava o preso Fernando Henrique
Rodrigues Batista, o Chacal, colaborador da PM. Melo também teria participado, segundo a Ouvidoria, de uma ação em Piracicaba
(170 km de SP), em fevereiro deste
ano, quando foram mortos três
supostos integrantes do PCC.
Na lista de PMs que devem ir a
julgamento pelo massacre, também constam dois policiais já expulsos da corporação por envolvimento com assassinatos em série e ligação com quadrilhas.
O ex-soldado da Rota Cirineu
Carlos Letang da Silva foi condenado pelas mortes de três travestis, ocorridos cincos meses depois
do episódio do Carandiru. Silva
integrava a equipe que invadiu o
terceiro pavimento do pavilhão,
onde foram mortos 77 presos.
O capitão Cleodir Fioravante
Nardo foi expulso da PM em 2000
após uma investigação sobre a suposta ligação dele com quadrilhas
especializadas em desmanches de
carros e roubo de carga em São
Paulo. Nardo estava na equipe
que entrou no pavilhão para a
chamada varredura -organizar
os presos.
Foi Nardo que apresentou as 13
armas que estariam supostamente usadas pelos presos. Segundo o
promotor de Justiça Norberto
Joia, só foi possível identificar a
numeração de duas delas.
Um revólver 32 era de propriedade do Ministério do Exército
-sendo que não constava registro de roubo ou extravio- e outro revólver do mesmo calibre fora apreendido pela PM de um homem em São Paulo. As 13 armas
também apresentavam sinais de
corrosão e não havia vestígios de
terem sido usadas, segundo Joia.
O advogado Antonio Cândido
Dinamarco, que defende 46 PMs
denunciados, afirmou que os policiais não podem sofrer qualquer
punição, inclusive administrativa,
porque não têm responsabilidade
sobre o que aconteceu na Casa de
Detenção. Para ele, os PMs não
podem ser punidos porque "estavam cumprindo o seu dever".
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