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A FAVOR
"Lei é constitucional", diz professora da USP sobre veto ao tabaco
Odete Medauar, que leciona direito administrativo, afirma que todas as esferas do poder podem legislar na área da saúde
"Quando a competência é de todos, a União fixa as diretrizes gerais e os Estados e os municípios podem complementar", afirma
DA REPORTAGEM LOCAL
Odete Medauar, professora
titular de direito administrativo da Universidade de São Paulo, afirma não ver inconstitucionalidade na proposta de legislação paulista para restrição
do fumo em locais fechados,
mesmo sendo mais restritiva
que a proposta federal.
Segundo ela, que não é fumante, tanto municípios, quanto Estados e governo federal
têm competência para legislar
sobre o assunto.
FOLHA - A restrição estadual para uso
do cigarro é inconstitucional?
ODETE MEDAUAR - Não acho que
haja qualquer tipo de inconstitucionalidade. Porque, primeiro, em matéria de saúde, todos
têm competência para atuar na
área. A competência comum
serve justamente para a saúde
ser protegida em todos os níveis de governo, seja federal, estadual ou municipal.
FOLHA - Mas a legislação estadual não
pode confrontar a federal.
MEDAUAR - Quando a competência é de todos, a União fixa
as diretrizes gerais -as chamadas normas gerais- e os Estados e os municípios podem
complementar. Então, na área
do direito, ninguém sabe explicar com exatidão o que são normas gerais e o que não são normas gerais.
FOLHA - Se a lei federal diz que pode
haver fumódromos e a estadual diz
que não, como fica?
MEDAUAR - Isso aí pode não ser
considerado norma geral. Porque é muito detalhe. Outros podem considerar que é. Você vai
procurar em qualquer livro o
que são normas gerais e o que
são normas específicas e não
vai achar nenhum critério preciso para separar. Tem uma discussão muito grande. Eu acho
que essa permissão não seria
exatamente uma norma geral,
porque é uma minúcia. No meu
ponto de vista, a lei estadual
não está brigando com a federal
porque a restrição é igual, a de
fumar em lugares fechados. Esse é o princípio. Não acho um
desrespeito.
FOLHA - Não terá muito sucesso quem
recorrer à Justiça?
MEDAUAR - Não acho que teria
muito sucesso. Claro que não
podemos afirmar, porque cada
um pensa de um jeito, os magistrados decidem como eles
acham que é. Existem interpretações. Não é coisa pacífica, o
mesmo ocorreu com o cinto de
segurança e com o rodízio.
Os argumentos dos fumantes
são muito estranhos.
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