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Pai e madrasta são presos sob suspeita de assassinar filho

Garoto de 11 anos estava desaparecido havia dez dias no interior do RS; amiga de madrasta também foi presa

Suspeita afirmou à polícia que Bernardo foi morto com injeção letal; ainda não se sabe a motivação do crime

FELIPE BÄCHTOLD DE PORTO ALEGRE

O pai e a madrasta de um menino de 11 anos, encontrado morto em um matagal no interior do Rio Grande do Sul, foram presos anteontem sob suspeita de participação no assassinato do garoto.

O menino Bernardo, 11, estava desaparecido havia dez dias. O caso revoltou moradores de Três Passos (a 472 quilômetros de Porto Alegre), que nos últimos dias se mobilizaram à procura da criança em toda a região.

Até a conclusão desta edição, a polícia não informou se os suspeitos negam ou confirmam a autoria do crime.

Também não havia confirmação se eles tinham constituído advogado. Por essa razão, a Folha optou por não divulgar os seus nomes.

A polícia localizou anteontem o lugar onde Bernardo estava enterrado, num matagal, no município de Frederico Westphalen, a 80 quilômetros de Três Passos.

Quem indicou o local aos policiais foi uma amiga da madrasta, que também está presa sob suspeita de participação no crime.

As informações dadas por essa amiga são as principais evidências apresentadas até agora pela Polícia Civil para sustentar a acusação contra os pais de Bernardo.

Outro indício apontado pela polícia é o fato de que a madrasta foi multada por um policial rodoviário por excesso de velocidade no caminho entre as duas cidades.

No domingo passado, o pai de Bernardo, que é médico, telefonou para uma rádio local relatando o desaparecimento do filho e pedindo ajuda nas buscas.

Na ocasião, ele descreveu características físicas do garoto e contou que fez cartazes com fotos na tentativa de localizar o filho.

"A informação que eu tenho é que ele saiu de casa para ir em um amiguinho. Mas ele não chegou", disse.

Ontem, a delegada responsável pelo caso, Caroline Machado, disse não ter dúvidas da participação do pai, da madrasta e da amiga na morte. Mas afirma que ainda é preciso saber exatamente "o que cada um fez".

A polícia também não sabe a motivação do crime.

A mulher que indicou a localização do corpo disse em depoimento que o menino foi morto com uma injeção letal.

Mas os policiais não têm certeza da causa da morte e afirmam que vão aguardar o resultado da perícia.

As investigações ainda estão em andamento e seguem protegidas por segredo de Justiça. Mais testemunhas estão sendo ouvidas.

A mãe do garoto, segundo a polícia gaúcha, cometeu suicídio em 2010.

Com a atual mulher, o médico tem uma filha de um ano e dois meses.

ABANDONO

Após a notícia das prisões, moradores de Três Passos, de 25 mil habitantes, protestaram em frente à casa do pai.

Ontem, os policiais disseram que o menino havia relatado à Justiça que vivia em uma situação de "abandono" e era "carente de afeto".

O caso chegou ao Conselho Tutelar nos últimos meses, e o órgão o encaminhou para o Ministério Público. Segundo o conselho, não houve denúncia de agressões.

À TV RBS, a avó materna, Jussara Uglione, 73, disse que o menino relatou pessoalmente a um juiz os maus-tratos praticados pela madrasta. "Ele foi sozinho no Fórum de Três Passos, entrou na sala do juiz e pediu socorro. E nada foi feito", disse.

A Folha procurou o juiz responsável pelo caso em Três Passos e a promotora, mas não os encontrou.

O corpo foi velado na escola do menino, em Três Passos, sob forte comoção. Bernardo será enterrado hoje em Santa Maria, ao lado do corpo da mãe.


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