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Ganhei pinga por falar, diz testemunha de deputado

Depoimento de lavrador ajudou a extinguir pena de Luiz Moura (PT)

Político foi condenado a 12 anos de prisão por roubar dois mercados; crime prescreveu após mudança em certidão

ENVIADO ESPECIAL A UMUARAMA (PR)

"Soube que você [repórter da Folha] esteve aí no Paraná falando com minha irmã. Com quem mais você já falou? Te liguei para perguntar o que você tem [de informação]."

A pergunta é do deputado estadual Luiz Moura (SP), suspenso pelo PT e impedido de disputar a reeleição após investigação apontar a participação dele em reunião na qual estiveram presentes integrantes de uma facção criminosa.

O telefonema ocorreu na última terça (3), minutos depois de a Folha ter conversado com Sueli Domingos, 53, uma das irmãs do deputado petista, em Cafezal do Sul, também no noroeste paranaense.

Era na casa dela, no distrito rural de Jangada, que Moura estava em agosto de 1991, antes de ser acusado de roubar dois supermercados, um em Umuarama e outro em Ilhota (SC). Capturado pela polícia, foi condenado a 12 anos de prisão.

"Ele não tinha juízo, e mandaram ele vir aqui no Paraná fazer algo que você já sabe o que é, eu não vou citar", diz a irmã. "Mas ele já pagou e não deve mais nada. Mais do que isso eu não sei", completou.

Ela concordou em falar sobre o petista, mas antes ligou para São Paulo e avisou a família. Em quase uma hora de conversa com a Folha, recebeu quatro telefonemas, um deles do próprio deputado. "Meu irmão não quer que eu fale nada para você", disse, após desligar o telefone.

Ele cumpriu um ano e meio da pena em uma colônia penal e fugiu. Voltou para São Paulo e foi empregado na empresa de equipamentos de segurança de um dos irmãos.

Em 2002, Moura decidiu mudar o registro de sua data de nascimento. Com a alteração, o deputado alegou que era menor de 21 anos na época dos roubos, o que reduziu o prazo de prescrição dos crimes. Com isso, conseguiu extinguir a pena e obteve, em 2005, a reabilitação judicial.

Na ocasião da mudança do registro, seu advogado afirmou à Justiça que, embora Moura tivesse nascido em fevereiro de 1971, no documento constava o ano de 1970.

Para embasar o pedido, apresentou registros de seu batismo em uma escola rural e os depoimentos de duas testemunhas, entre eles o de um xará do ex-presidente Lula.

O lavrador Luiz Inácio da Silva, 74, diz conhecer "Luizinho" desde bebê. Ele declarou em cartório que Moura era um recém-nascido em 1971, mas diz não saber qual era a finalidade do depoimento.

"Fui lá com o advogado e falei que conhecia [Moura]. Me pagaram só uma pinga depois", disse o lavrador.

Em declarações recentes, o deputado estadual Luiz Moura negou ter qualquer tipo de envolvimento com o crime organizado e disse estar sendo vítima de uma perseguição política e da mídia.


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