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Exportação dá e tira fôlego das fábricas
DA REPORTAGEM LOCAL
As exportações e a substituição
de importações são apontadas
por empresários e economistas
como as principais responsáveis
pelo fato de alguns setores da indústria estarem operando no limite da capacidade de produção.
"As vendas externas mexeram
com a cadeia produtiva de vários
setores da indústria. Se o Brasil está exportando mais roupas, por
exemplo, as fábricas de tecidos, linhas e botões também tiveram de
aumentar a produção", afirma
Boris Tabacof, vice-presidente da
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo) e presidente do conselho de administração da Cia. Suzano, fabricante de
celulose e papel.
A alta do dólar, diz, também levou muitas empresas a desenvolver no país matérias-primas e
produtos que costumavam comprar no mercado externo. "A taxa
de câmbio ficou tão alta que tornou praticamente proibitiva a importação de alguns produtos. A
indústria nacional ocupou esse
espaço", afirma Tabacof.
Sustentação
Nos primeiros quatro meses
deste ano, as exportações cresceram 25,6% na comparação com
igual período do ano passado, de
US$ 16,5 bilhões para US$ 27,5 bilhões. "As exportações sustentam
a atividade da indústria, já que o
mercado interno está desaquecido", afirma José Augusto de Castro, diretor da AEB, associação
que reúne os exportadores.
Segundo ele, as exportações,
que representam cerca de 9% do
PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas no
país) brasileiro, cresceram por
causa de uma demanda internacional artificial, provocada pela
guerra entre os Estados Unidos e
o Iraque, e pelo acordo do setor
automotivo firmado entre Brasil e
México, que entrou em vigor neste ano.
A China, diz, também está comprando mais aço do Brasil. "O fato
é que, por enquanto, as indústrias
estão sem alternativa. Mesmo que
o dólar caia, muitas empresas vão
exportar por falta de opção." Uma
taxa de câmbio ao redor de R$
2,80 ainda estimula as vendas externas das grandes empresas.
Esforço
Clarice Messer, diretora do departamento de economia da
Fiesp, afirma que houve esforço
das empresas para vender seus
produtos no mercado externo, o
que puxou o ritmo de produção
de alguns setores da indústria.
"O consumo no mercado interno continua fraquíssimo, o que levou as empresas a buscar clientes
lá fora. Por enquanto, não vemos
sinais de que a situação no país
possa melhorar no segundo semestre."
Preocupação
Mariano Laplane, professor do
Instituto de Economia da Unicamp, lembra que até mesmo o
crescimento das exportações tem
limite -esbarra no limite da capacidade produtiva das fábricas.
"Isso preocupa. O governo tem sido cauteloso, não tem compromisso com datas para reduzir os
juros. Os empresários vão investir
quando enxergarem perspectiva
de crescimento de quatro a cinco
anos para o país."
Os empresários, diz ele, também querem que o governo estabeleça uma política de crescimento para os exportadores, como linhas de financiamento mais em
conta. "É preciso que as exportações cresçam para que o país tenha um maior superávit comercial", afirma Laplane.
(FF)
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