|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SOCIEDADE
Infra-estrutura teria prioridade
Governo quer parceria com fundos de pensão
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo começou a tocar na
semana passada um plano para
utilizar parte dos recursos dos
grandes fundos de pensão do país
em projetos escolhidos pelo Palácio do Planalto. Os setores preferenciais serão os de infra-estrutura, como energia elétrica, saneamento básico e habitação.
O PT tem nas mãos o controle
direto dos três maiores fundos de
pensão do país, responsáveis pela
gestão de R$ 71,7 bilhões. Previ
(dos funcionários do Banco do
Brasil), Petros (petroleiros) e
Funcef (Caixa Econômica Federal) administram o equivalente a
67,85% do capital das dez maiores
fundações brasileiras, que soma
R$ 105,67 bilhões.
O primeiro passo na estratégia
do governo, que tem como grande mentor o ministro Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação
de Governo e Gestão Estratégica),
é propagar na opinião pública a
idéia de que os fundos de pensão
não podem ser administrados somente para gerar mais benefícios
para seus associados.
O ministro do Planejamento,
Guido Mantega, tem defendido
que os fundos de pensão tenham
maior participação nos projetos
de desenvolvimento sustentado
do país. Ou seja, nas áreas de infra-estrutura.
Com o respaldo do governo,
Previ, Petros e Funcef organizaram na semana passada o Primeiro Seminário Internacional de
Fundos de Pensão, do qual participaram o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, seu assessor especial
Oded Grajew, o ministro Mantega
e o diretor de Política Monetária
do Banco Central, Luiz Augusto
Candiota, entre outras autoridades.
Em seu discurso, Lula foi claro
sobre os planos do governo para
os fundos de pensão. Ressaltou
que os fundos têm de ser bem administrados, que não podem "investir para perder", mas que,
quanto mais ganharem, mais "influência" poderão ter "em algumas decisões no nosso país".
"Foi o caso das privatizações
brasileiras. Obviamente que, se
perguntado na época, eu não teria
dúvida em dizer que era contra
que os fundos [de pensão] entrassem para comprar ativos públicos
brasileiros. Entretanto muitas das
intervenções dos fundos em empresas [estatais] deram resultados. E nós assistimos hoje algumas empresas bem-sucedidas
com a participação dos fundos de
pensão importantes no Brasil",
disse o presidente.
Normalmente, os congressos
sobre fundos de pensão no país
são organizados pela Abrapp (Associação Brasileira das Entidades
Fechadas de Previdência Privada). No Primeiro Seminário Internacional, o presidente da entidade, Fernando Pimentel, participou como convidado.
Os nomes dos presidentes dos
três maiores fundos de pensão foram submetidos ao crivo do Palácio do Planalto. O bancário Sérgio
Rosa, depois de ter sido eleito pelos funcionários do BB como diretor da Previ, foi indicado para
assumir a presidência da fundação. Rosa é filiado ao PT e foi vereador em São Paulo pelo partido.
Presidente da Petros, Wagner
Pinheiro é ligado ao PT desde a
fundação do partido, no começo
da década de 80. O economista
Guilherme de Lacerda é filiado ao
PT desde 1983. Preside a Funcef.
Na página mantida pelo fundo da
CEF na internet, fez várias referências a seu trabalho no partido,
como tendo atuado "ativamente"
na campanha de Lula nos anos de
1989 e de 1994.
Texto Anterior: Eletricidade: Sem subsídio, energia sobe para indústria Próximo Texto: Pelo cano: Indústrias questionam monopólio da Comgás Índice
|