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DO OUTRO LADO DO BALCÃO
Ex-BC diz agora "sentir", como comerciante, burocracia e tributação
Armínio investe em cafeteria
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Mentor da política econômica
nos últimos quatro anos da era
FHC, o ex-presidente do Banco
Central Armínio Fraga, 47, está
agora do outro lado do balcão.
Depois de fazer fama internacional no mercado financeiro,
ele decidiu virar comerciante.
Há cerca de dois meses, Fraga
abriu uma cafeteria sofisticada
no escondido prédio da sede do
Centro de Comércio de Café,
número 191 da rua da Quitanda,
no centro do Rio.
""Estou sentindo uma sensação gostosa de estar fora dos gabinetes, embora não venha aqui
todo dia", disse Fraga, no final
da tarde de sexta-feira, na loja.
Localizado num trecho decadente da tradicional rua carioca,
vizinho de botecos e de um fliperama, o Rubro Café é o projeto piloto de uma rede de franquias da marca.
""Estamos pensado em expandir no Rio. Além disso, já temos
contatos em São Paulo. Atualmente, nossa intenção é consolidar o funcionamento do dia-a-dia para crescer com segurança.
Não temos nenhuma pretensão,
tampouco limite", disse Fraga,
que montou a empresa em sociedade com o amigo Oswaldo
Aranha Netto, um especialista
em café e ex-diretor de várias
empresas do setor.
""A presença dele me dá tranqüilidade e faz com que a coisa
cresça da maneira certa", disse o
ex-presidente do BC, que é o capitalista do negócio, mas não revela o valor investido no Rubro
Café.
Apesar de escondida, a cafeteria reúne, em suas sete mesas,
dezenas de executivos do centro
financeiro da cidade durante o
almoço. Com diversos tipos de
café, alguns com álcool, a casa
também oferece sanduíches e
saladas. Os doces feitos pelo patisserie Zelmar Ricceto também
são uma das atrações da loja.
""No Brasil, nunca tinha tomado um café como esse. A bebida
daqui é de fazer inveja para
qualquer grande café de Paris"",
disse Adelmar Bragança, 43.
Além do projeto da rede de cafeterias, a dupla está negociando
o produto no varejo.
"Nosso diferencial é que selecionamos os melhores grãos,
torramos e servimos o café com
uma grande qualidade", disse
Netto, que traz os grãos de uma
empresa de sua família, em Minas Gerais.
Apesar do curto período na
nova função, Fraga diz achar difícil a vida de comerciante.
""Agora, estou sentido o que
ouvia de amigos e conhecidos.
Toda a questão previdenciária,
tributária e burocrática do Brasil precisa melhorar. Hoje, as
coisas incentivam a informalidade. Empresas como a nossa,
que faz tudo certinho, enfrenta
uma concorrência difícil. O país
precisa de uma reforma que
simplifique os custos e a tributação em geral", disse Fraga.
O ex-presidente do BC não esconde que a cadeia Starbucks é
sua referência. A empresa tem
milhares de lojas de café pelo
mundo.
""Seria altamente pretensioso
da nossa parte associar na mesma frase Starbucks e nós. Queremos aprender com a história
deles e fazer algumas adaptações", disse Fraga, que passa o
dia na Gávea Investimentos,
empresa de consultoria que
abriu na zona sul do Rio no ano
passado. Ele também faz parte
do conselho de administração
do Unibanco e da Bunge Brasil.
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