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Brasil perde 6% da safra de grãos com transporte
TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA
O Brasil perde cerca de 6% de
sua produção de grãos durante o
transporte das safras até os mercados de destino. O desperdício
chegaria a 7.164.948 toneladas, levando em conta a safra deste ano.
O desperdício é superior a toda a
safra de trigo de 2004 (5,9 milhões
de toneladas). Considerando apenas a produção de soja, arroz e trigo, o valor das perdas pode chegar
a R$ 45,2 bilhões.
Os índices de desperdício de
grãos são baseados em estudo
realizado pela Abag (Associação
Brasileira de Agribusiness) sobre
as condições das redes de transporte rodoviário, ferroviário e hidroviário brasileiras. Eles foram
submetidos à Conab (Companhia
Nacional de Abastecimento) para
os cálculos dos desperdícios.
Segundo a CNT (Confederação
Nacional dos Transportes), pesquisa feita pela entidade mostrou
que 41% das estradas estão em estado deficiente, 25% estão ruins, e
16,8%, em péssimo estado.
O Ministério dos Transportes
teve R$ 179,8 milhões liberados
para projetos de melhoria e ampliação da rede de transportes nacional. O dinheiro é parte dos R$
2,2 bilhões que o ministério pretende gastar ainda em 2004.
Como parâmetro para comparação sobre o desperdício dos
grãos, a Conab utiliza um índice
de 0,2% a 0,6% da carga como
sendo o permitido para perdas de
grãos durante o transporte.
Segundo Paulo Roberto Carvalho, técnico de operações da Conab, pelo menos 60% da frota de
caminhões brasileiros é velha e
sem manutenção. São veículos
que não têm mais condições de
fazer o transporte de grãos de forma segura para reduzir as perdas
no transporte.
Segundo a Conab, no carregamento dos caminhões, há um
grande desperdício. Por não haver uma padronização do sistema
utilizado, em muitos casos, o
grande desperdício ocorre ainda
antes do início da viagem.
Portos
Carvalho ressalta, porém, que a
perda maior ocorre quando se
passam cargas de caminhões para
meios de transporte hidroviário
fluvial e marítimo. Essa perda se
daria principalmente por problemas com os equipamentos muito
defasados utilizados na maioria
dos portos nacionais.
"Nos portos do Nordeste, se
perde muito mais devido à condição do equipamento utilizado.
Em muitos portos impera a decadência, os embarques das cargas
são feitos em beiradas de barranco, com guindastes que deixam
cair grande quantidade de produtos", afirmou Carvalho.
Alguns portos, por receberem
investimentos privados, de empresas interessadas no escoamento de suas produções, tiveram
uma melhora em termos de equipamentos nos últimos anos.
Rodovias
O principal problema dos transportes brasileiros é a predominância do meio rodoviário em todas as distâncias percorridas pelas
cargas.
Segundo o professor José Vicente Caixeta Filho, da Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz, da USP (Universidade
de São Paulo), é necessário que o
país encare a necessidade de investir em transportes alternativos
para agilizar, ampliar e baratear o
transporte das safras.
Segundo os estudos de Caixeta,
para longas distâncias (mais de
1.200 km) o transporte ferroviário
proporciona uma economia de
30% em relação ao rodoviário. O
transporte hidroviário é 50%
mais barato que o rodoviário.
Comparando com as ferrovias, o
transporte hidroviário é até 35%
mais barato.
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