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VIA-SACRA
Rodovia é uma das principais vias para escoamento de soja, adubos e gado em Mato Grosso
Motorista leva 2 h para percorrer 25 km
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA EM RONDONÓPOLIS
(MT) e SANTA RITA DO ARAGUAIA (GO)
Um guincho que resgata porcos sobreviventes de dentro de
um caminhão caído de uma altura de ao menos 50 m na serra
de São Vicente (a 83 km de Cuiabá). Caminhoneiros que levam
até duas horas para vencer 25
km de asfalto esburacado, em
Santa Rita do Araguaia (GO).
Essas são duas cenas que a
Agência Folha presenciou quinta-feira passada na rodovia federal BR-364, uma das principais
vias usadas para o escoamento
da soja, de adubos e transporte
de gado em Mato Grosso.
Em Santa Rita do Araguaia,
em Goiás, na divisa com Mato
Grosso, os caminhoneiros andam a uma velocidade média de
13 km/h em um segmento de 25
km, repleto de buracos até no
acostamento.
O trecho precário dá acesso ao
terminal da Ferronorte, em Alto
Araguaia (426 km de Cuiabá),
inaugurado em junho de 2003
pelo presidente Luiz Inácio Lula
da Silva para receber a soja que
os caminhoneiros trazem. "Os
grãos [de soja] vão caindo aos
poucos. Perco até 8% da carga",
disse o caminhoneiro Sadi Tarteri, 48.
"Se houvesse acostamento
aqui, acho que não tinha acontecido isso", diz o empresário Cézar Ludea, 40. Na quinta-feira
passada, ele e mais oito homens
retiravam porcos das ferragens
de uma Scania 113 que caiu de
uma ribanceira na BR-364. O
motorista, conhecido apenas
por Zé, de 52 anos, morreu.
Eram 189 porcos, avaliados em
R$ 80 mil. Ludea, que é dono do
caminhão destruído no acidente, calculava que 60 animais tenham morrido. Com a ajuda de
um guincho, os homens retiravam os animais. A PRF (Polícia
Rodoviária Federal) interditou
meia pista. A fila de carros e caminhões passava de 2 km.
Dono do guincho, Messias Rogério Vitor, 25, disse que, em
cinco meses, é o terceiro caminhão que cai da ribanceira. Ludea perdeu o caminhão, avaliado em R$ 200 mil, sem seguro, e
vai pagar pelos porcos mortos.
Um criador de Mato Grosso
enviava os animais a São Gabriel
do Oeste (MS) para abate. "Já
perdi três caminhões com acidentes", disse Ludea.
Pior trecho
"Se a estrada estivesse boa, dava para economizar cem litros
de combustível [cerca de R$
160]. Mas, se você perdeu um
pneu que custa R$ 1.300, trabalhou de graça, pois o frete bruto
[sem descontar as despesas] é de
R$ 3.000", diz o caminhoneiro
João Victor Sampaio, 24.
Testemunha das agruras dos
caminhoneiros, o borracheiro
Lauro de Castro Silveira, 45, instalado às margens da BR-364,
ganha R$ 800 por mês com os remendos que faz nos pneus cortados pelos buracos na estrada.
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