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EXPANSÃO NO CAMPO
Lucro com exportação em 2001 capitalizou empresas, que planejam gastar mais com expansão
Agroindústria ignora crise e investe mais
CÍNTIA CARDOSO
JOSÉ SERGIO OSSE
DA REPORTAGEM LOCAL
As agroindústrias brasileiras,
apesar da letargia que atinge a
economia do país, planejam investimentos de centenas de milhões de dólares para aumentar a
produção nos próximos trimestres. Os recursos para isso foram
obtidos com os bons resultados
dessas empresas no ano passado,
principalmente com exportações.
Ainda assim, as empresas do setor lamentam a crise na Argentina, que, de certa forma, fez os resultados do setor ficarem aquém
do possível. As exportações para o
país vizinho caíram praticamente
a zero no último ano.
A média de investimentos das
grandes montadoras de máquinas agrícolas, por exemplo, ultrapassa os US$ 30 milhões anuais.
Um exemplo disso é a montadora italiana CNH, que toca plano
de investimento de US$ 120 milhões entre 1999 e 2003, segundo
Valentino Rizzioli, presidente da
empresa para a América Latina.
Com investimentos semelhantes
nos últimos anos, a montadora
atingiu um faturamento bruto de
R$ 1,5 bilhão apenas em 2001. Para este ano, espera elevar esse valor em 10%.
A CNH não é a única montadora a crescer. A americana John
Deere prevê um faturamento de
R$ 750 milhões neste ano, R$ 146
milhões a mais que em 2001.
"Mas tivemos que investir principalmente no mercado interno,
já que nosso principal parceiro, a
Argentina, está fora do mercado
desde o início do ano passado",
diz Martin Mundstock, diretor
comercial da John Deere.
O setor de máquinas agrícolas,
é, porém, um dos únicos a manter
crescimento em 2002 -de 30%,
segundo a Abimaq (Associação
Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).
Algumas agroindústrias, entretanto, planejam investimentos
ainda mais expressivos, como é o
caso da Aracruz, que investiu US$
660 milhões no país entre 2000 e
2001 e planeja gastar mais US$
800 milhões nos próximos anos.
Parte desse dinheiro será usada
para finalizar e aumentar a capacidade da nova fábrica da empresa, em Aracruz (ES). Essa operação é considerada o maior investimento privado em uma única
unidade realizado no ano. A fábrica vai ser responsável pelo aumento de 53% na produção até
2003. Assim, serão produzidos 2
milhões de toneladas de celulose.
Indústria de alimentos
Outra empresa que vem investindo pesadamente nos últimos
anos na expansão de suas unidades é a Perdigão. Com isso, a empresa teve resultados bastante positivos em 2001. As vendas cresceram 35%, o lucro líquido, 271%, e
as exportações, 102%.
"Investimos mais de R$ 131 milhões em 2001. Quase um terço
disso foi apenas para finalizar a
construção da nova fábrica em
Rio Verde [GO". Esse é o segredo
do nosso crescimento, assim como nossa estratégia para exportar
mais", diz Nildemar Secches, diretor-presidente da empresa.
O grande problema para as
agroindústrias hoje, na opinião de
Secches, é a instabilidade do dólar
no momento. As constantes oscilações são, para ele, mais prejudiciais até que o fato de ele estar custando R$ 3. "Ficamos sem referência para o cálculo de custos e
renda", diz.
Outros setores
O crescimento da agroindústria
também foi bom para outros setores, como o de grãos.
A norte-americana Cargill, sexta colocada no ranking da FGV
(Fundação Getúlio Vargas) das
maiores empresas do agronegócio do Brasil, investiu US$ 20 milhões em um terminal portuário
em Santarém (PA).
Essa nova instalação da empresa deve movimentar, inicialmente, cerca de 800 mil toneladas de
soja e servir como fonte alternativa para o escoamento da produção de grãos dos Estados de Mato
Grosso e do Pará.
A também norte-americana
Monsanto, que atua na área de
biotecnologia e insumos para a
agricultura, assim como as demais, prevê crescimento. Ela espera um aumento de 30% em seu
faturamento neste ano, atingindo
US$ 650 milhões.
"Nossos investimentos planejados para o período 1999/2003 são
da ordem de US$ 800 milhões",
afirma Rodrigo Almeida, diretor
de assuntos corporativos da Monsanto.
A empresa já gastou US$ 350
milhões na construção de uma fábrica de produtos químicos em
Camaçari (BA), inaugurada em
dezembro de 2001, na qual ainda
devem ser investidos US$ 250 milhões. Com a fábrica, a empresa
deixará de importar US$ 150 milhões por ano em componentes
para seus fertilizantes. Produzindo lá mesmo o químico, a Monsanto espera exportar o mesmo
valor que importava anualmente.
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