São Paulo, domingo, 01 de setembro de 2002

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Associações de produtores contribuíram para aumentar produtividade e renda da agropecuária

Cooperativa eleva ganhos da agroindústria

Maurício Piffer/Folha Imagem
Trabalhador colhe batatas em Aguaí, em uma plantação que movimenta os setores de insumos químicos, máquinas e sementes


DA REPORTAGEM LOCAL

O desempenho de algumas cooperativas agrícolas é comparável ao de grandes agroindústrias. A prova disso pode ser vista no ranking dos maiores exportadores no ano passado.
Os dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) revelam que a Cooperativa de Produtores de Cana-de-Açúcar e Álcool do Espírito Santo e a Cooperativa Agropecuária Mourãoense (Coamo) estão entre os 40 primeiros colocados.
A OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) estima que neste ano o faturamento das cooperativas agrícolas deverá superar a marca de US$ 1 bilhão.
Uma das maiores do Brasil, a Coamo faturou US$ 272 milhões com exportações no ano passado, o que representou um crescimento de 59% em relação a 2000.
Para este ano, a cooperativa, que comercializa 3,3% da produção nacional de grãos, prevê apenas a manutenção dos valores obtidos com as exportações em 2001. Um dos motivos é a previsão de queda na exportação de milho. Muitos produtores estão migrando para a soja, dados os bons preços desse grão no mercado externo.
Segundo dados do Ocepar (Sindicato e Organização das Cooperativa do Estado do Paraná), a soma dos faturamentos das cooperativas paranaenses corresponde a 50% do PIB (Produto Interno Bruto) agrícola do Estado. Em 2001, foram R$ 6,8 bilhões. A previsão é que, em 2002, sejam alcançados R$ 7,8 bilhões. Desse total, 20% é proveniente de exportações, notadamente para a Europa e para a Coréia do Sul.
Com sede em em Rio Verde (GO), a Comigo (Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano) é outro exemplo de cooperativa com bastante atuação na área industrial. Entre outras atividades, possui uma joint venture com a empresa holandesa Dalland para o melhoramento genético de suínos.
"O faturamento da Comigo cresce continuamente desde 1994. Em 2002, prevemos R$ 420 milhões. Um aumento de 9,3% em relação a 2001. A explicação para isso é a diversificação dos negócios da cooperativa", diz o presidente, Antonio Chavaglia.

Atitude favorável
O trabalho das cooperativas com seus participantes, estimulando o investimento em tecnologia e em administração, foi importante para criar uma cultura empresarial entre os produtores. Assim ficou mais fácil para eles enfrentar tanto o mercado interno como o externo.
"Por não contarem com proteções tarifárias, os brasileiros tiveram que se tornar competitivos", diz Mauro Lopes, economista da FGV.
Eduardo de Carvalho, presidente da Unica (União das Indústrias Canavieiras de São Paulo), vai mais longe: diz que o protecionismo mundial é também uma resposta à competitividade brasileira, muito dela conseguida por meio do trabalho de cooperativas.
"A "farm bill" americana não está aí por acaso", disse ele durante um congresso em Ribeirão Preto.
O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) agrícola também é prejudicado por dois fatores, segundo Lopes: ausência de crédito estatal para o planejamento estratégico do agronegócio e a falta de investimentos na capacitação da mão-de-obra do campo. Enquanto esses problemas não forem solucionados, mesmo a competitividade superior do agronegócio brasileiro pode ser sufocada.
Ainda assim, mesmo que não aumente sua competitividade, o país tem como aumentar sua produção. Segundo o ministro da Agricultura, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, existem 90 milhões de hectares de terra disponíveis para cultivo. Essa área equivale praticamente ao que é plantado hoje nos EUA e na China, dois grandes produtores mundiais que não têm mais espaço para crescer.
"E essa expansão, inclusive, não depende de alterações na lei ambiental hoje em vigor. É possível crescer tudo isso com a lei que já temos", diz Pratini. (JSO e CC)



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