São Paulo, domingo, 01 de dezembro de 2002

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ANO DO DRAGÃO

Preço de serviços cresce mais que o dobro da taxa medida pela Fipe, que acompanha melhor os bancos

Tarifa bancária sobe mais que inflação de SP

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

À sombra da alta dos índices de inflação, os bancos começaram nos últimos meses um forte movimento de reajuste das suas tarifas. Segundo dados da Fipe, os chamados serviços bancários já subiram 16,87% entre janeiro e outubro deste ano. O percentual é mais que o dobro da inflação de 6,06% medida pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor), calculado pela instituição.
As estatísticas medidas pelo IBGE são menores se comparadas às da Fipe. Mas também revelam um disparada nos preços dos serviços bancários neste ano. Essas tarifas subiram 4,35% nos primeiros dez meses do ano contra um IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 6,98%. No ano passado, o reajuste dos serviços bancários havia ficado bem mais abaixo do IPCA: 1,79% contra 7,67%, respectivamente.
Em 2000, o hiato havia sido ainda maior: o IPCA foi de 5,97% e o valor das tarifas bancárias não subiu nada, segundo o IBGE.

Custos
Apesar das diferenças entre as estatísticas dos dois institutos de pesquisa-explicadas pelas distintas tarifas acompanhadas por cada um- ambas apontam uma forte tendência de alta.
O curioso, segundo Heron do Carmo, coordenador do IPC da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), é que as pressões-principalmente a desvalorização cambial-que estão provocando a alta dos índices de preço não têm efeito sobre as despesas dos bancos.
Ele explica que o principal custo dos bancos são os gastos com salários, que não têm acompanhado a inflação. "Essa alta dos serviços bancários tem chamado muito a nossa atenção. Apesar de ter efeito pequeno sobre o IPC, essas tarifas afetam o custo de vida da população", diz Carmo.
Dados levantados com base nas mais de 40 tarifas pesquisadas semestralmente pela Fundação Procon de São Paulo mostram que, entre setembro de 2001 e setembro de 2002, há aumentos de serviços que chegaram a 50% e 100%.

Coincidência
Os bancos admitem que os reajustes das tarifas bancárias não têm ligação com a inflação.
Segundo Marcelo Velloso, executivo da área de marketing e produtos do HSBC, o fato de os reajustes de tarifas terem começado neste ano -quando a inflação tem subido- é coincidência.
Ele explica que a principal razão para a alta das tarifas é o aprimoramento dos serviços oferecidos:
"A competição acirrada tem levado os bancos a melhorar a qualidade dos serviços", diz.
Além disso, segundo Velloso, as margens de lucros dos bancos com operações remuneradas pelos juros estão caindo. Isso também explica porque as instituições buscam aumentar os ganhos com as receitas de serviços.
Segundo Irvando Hoes, gerente da diretoria de varejo do Banco do Brasil, a instituição não faz reajustes lineares de tarifas com base na inflação. Segundo ele, o BB só fez aumentos pontuais de preços recentemente. Foi o caso da tarifa do Banco 24 horas que subiu porque a empresa prestadora de serviços reajustou seus preços.


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