|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANO DO DRAGÃO
Preço de serviços cresce mais que o dobro da taxa medida pela Fipe, que acompanha melhor os bancos
Tarifa bancária sobe mais que inflação de SP
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
À sombra da alta dos índices de
inflação, os bancos começaram
nos últimos meses um forte movimento de reajuste das suas tarifas.
Segundo dados da Fipe, os chamados serviços bancários já subiram 16,87% entre janeiro e outubro deste ano. O percentual é
mais que o dobro da inflação de
6,06% medida pelo IPC (Índice de
Preços ao Consumidor), calculado pela instituição.
As estatísticas medidas pelo IBGE são menores se comparadas às
da Fipe. Mas também revelam um
disparada nos preços dos serviços
bancários neste ano. Essas tarifas
subiram 4,35% nos primeiros dez
meses do ano contra um IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor
Amplo) de 6,98%. No ano passado, o reajuste dos serviços bancários havia ficado bem mais abaixo
do IPCA: 1,79% contra 7,67%, respectivamente.
Em 2000, o hiato havia sido ainda maior: o IPCA foi de 5,97% e o
valor das tarifas bancárias não subiu nada, segundo o IBGE.
Custos
Apesar das diferenças entre as
estatísticas dos dois institutos de
pesquisa-explicadas pelas distintas tarifas acompanhadas por
cada um- ambas apontam uma
forte tendência de alta.
O curioso, segundo Heron do
Carmo, coordenador do IPC da
Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), é que as
pressões-principalmente a desvalorização cambial-que estão
provocando a alta dos índices de
preço não têm efeito sobre as despesas dos bancos.
Ele explica que o principal custo
dos bancos são os gastos com salários, que não têm acompanhado
a inflação. "Essa alta dos serviços
bancários tem chamado muito a
nossa atenção. Apesar de ter efeito pequeno sobre o IPC, essas tarifas afetam o custo de vida da população", diz Carmo.
Dados levantados com base nas
mais de 40 tarifas pesquisadas semestralmente pela Fundação Procon de São Paulo mostram que,
entre setembro de 2001 e setembro de 2002, há aumentos de serviços que chegaram a 50% e 100%.
Coincidência
Os bancos admitem que os reajustes das tarifas bancárias não
têm ligação com a inflação.
Segundo Marcelo Velloso, executivo da área de marketing e produtos do HSBC, o fato de os reajustes de tarifas terem começado
neste ano -quando a inflação
tem subido- é coincidência.
Ele explica que a principal razão
para a alta das tarifas é o aprimoramento dos serviços oferecidos:
"A competição acirrada tem levado os bancos a melhorar a qualidade dos serviços", diz.
Além disso, segundo Velloso, as
margens de lucros dos bancos
com operações remuneradas pelos juros estão caindo. Isso também explica porque as instituições buscam aumentar os ganhos
com as receitas de serviços.
Segundo Irvando Hoes, gerente
da diretoria de varejo do Banco
do Brasil, a instituição não faz reajustes lineares de tarifas com base
na inflação. Segundo ele, o BB só
fez aumentos pontuais de preços
recentemente. Foi o caso da tarifa
do Banco 24 horas que subiu porque a empresa prestadora de serviços reajustou seus preços.
Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: Bancos aumentam tarifas desde 1998, aponta Procon/SP Índice
|