São Paulo, domingo, 01 de dezembro de 2002

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ANO DO DRAGÃO

Levantamento também revela que vários serviços, antes isentos de taxa, passaram a ser cobrados

Bancos aumentam tarifas desde 1998, aponta Procon/SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar da disparada recente nos preços dos serviços bancários, não é de hoje o movimento de alta dessas tarifas.
Dados levantados pela Fundação Procon/SP mostram que, desde 1998, os bancos têm corrigido a maior parte de suas tarifas.
Segundo Cristina Martinussi, técnica da Fundação Procon/SP, o que mais chama a atenção é o grande número de tarifas que deixaram de ser isentas.
Há casos de tarifas -como cadastro cobrado na abertura da conta e sua taxa de renovação- que não eram cobradas por várias instituições em setembro de 1998 e hoje variam de R$ 9 a R$ 36. Outras instituições mantêm a isenção dessas tarifas.
"Não existe um movimento homogêneo na cobrança de todas as tarifas. Mas a tendência geral tem sido a de elevação de tarifas e fim da isenção em muitos serviços", diz Martinussi.
Segundo Erivelto Rodrigues, sócio da Austin Asis, os bancos sobem tarifas principalmente em épocas de instabilidade econômica, quando os ganhos com operações de crédito tendem a cair.
Mas ele confirma que a tendência dos últimos anos tem sido a elevação das tarifas bancárias: "Muitos bancos de varejo já cobrem suas despesas de salários com as receitas dos serviços".
Dados da ABM Consulting indicam que, entre 1994 e setembro deste ano, os retornos dos bancos com serviços mais que dobraram em relação às suas receitas totais, passando de 7% para 15%.
Segundo Heron do Carmo, da Fipe, as tarifas bancárias acompanhadas pelo instituto são as mais comuns e justamente as que mais têm subido acima do IPC.
Dados da Fundação Procon/ SP confirmam essa tendência. Os maiores reajustes têm acontecido em tarifas das quais muitos clientes não escapam. É o caso de saques em Bancos 24 horas, manutenção mensal da conta corrente e renovação do cheque especial.
O movimento de alta dos preços dos serviços não foi linear em todas as instituições. Mas os dados revelam que o número de tarifas elevadas (73) superou em muito o daquelas reduzidas (10) entre março e setembro de 2002.
O argumento apresentado pelos bancos de que elevam tarifas porque a competição é maior hoje destoa das teses econômicas a favor da concorrência. Economistas dizem que um mercado mais competitivo traz o benefício da redução dos preços.

Concentração
Segundo especialistas, o problema é que, mesmo com a abertura do mercado bancário e a entrada das instituições estrangeiras, a concentração aumentou. Para o analista de um banco, esse é o "preço" do sistema financeiro mais sólido que o país tem hoje.
A principal defesa apresentada pelos bancos gira em torno dos chamados "pacotes de tarifas". Segundo Luca Cavalcanti, diretor de marketing e publicidade do BBV Banco, por exemplo, todos os clientes do banco têm acesso a algum tipo de pacote que oferece vantagens e tarifas mais baixas.
Esses pacotes livram, segundo as instituições, os clientes do pagamento de muitas tarifas fixadas nas tabelas oficiais, que são as pesquisadas pelo Procon.
Segundo Martinussi, é importante que os clientes dos bancos pesquisem e comparem as vantagens que as diferentes instituições oferecem nesses pacotes.
(Érica Fraga)


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